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quinta-feira, 14 de maio de 2015

I CAN'T GET NO - 50 ANOS

A música "Satisfaction" foi não somente a primeira das nove dos Stones a liderar as paradas nos EUA mas também um sucesso mundial - a canção chegaria ao número 1 entre as mais tocadas no Brasil no ano seguinte, em 1966. Para a revista "Rolling Stone" e o canal de TV VH1, trata-se da maior canção de rock de todos os tempos. Lançada como single nos Estados Unidos em junho de 1965, “Satisfaction” foi tocada apenas em rádios piratas no começo, porque sua letra foi considerada “sexualmente sugestiva” demais. O fato é que ela por si só se transformou quase em um mito: 50 anos depois está em segundo lugar na lista das 500 maiores canções de todos os tempos.


“Satisfaction” quando foi criada tinha  a pretensão de ser apenas um rock com um riff de guitarra mais agressivo, com conta Keith Richards no seu livro Life.  O que aconteceu foi que após Mick Jagger colocar a letra, a canção ganhou vida própria. O personagem da música foi idealizado como apenas um cara que só quer transar com uma garota. Mas a letra tomou um rumo próprio e inesperado levando à  interpretações que respondiam às indagações da juventude perdida e sem rumo, filhos do pós-guerra. Não era mais só sobre sexo, "Eu não tenho satisfação" era uma resposta para quase tudo. Lançada no auge do movimento da contracultura, ela também virou uma crítica ao capitalismo, ao consumismo e ao exagerado estilo de vida das celebridades. Por exemplo, a frase "melhor voltar na próxima semana, porque eu estou numa fase ruim" (em inglês "on a losing streak", expressão usada no mundo esportivo para se referir a uma sequência de derrotas em jogos) virou referência à menstruação, tema tabú  para os adolescentes na época.
Há quem enxergue em "Satisfaction" um reconhecimento involuntário do poder feminino por parte de Jagger, embora este virasse alvo das feministas e um ano depois fosse acusado de misoginia pelas faixas "Under My Thumb" e "Stupid Girl". E vários anos depois de machista por conta do lançamento de Some Girls.
Uma pesquisadora da Universidade de Virginia, classificou a faixa como o típico exemplo de "cock rock" (subgênero musical dos EUA conhecido por letras e atitudes machistas em relação à mulher). Para Stephanie Doktor, que defendeu uma tese de mestrado sobre "Satisfaction", cantadas por artistas masculinos e femininos, a música "contém todos os ingredientes" de "machismo e sexualidade agressiva".
Depois de dez anos de sucesso em todo mundo, Mick Jagger declarou que nunca mais ia cantar a música. Em 1975, 10 anos depois do lançamento, ele disse que preferiria morrer a tocar o hit quando tivesse 45 anos. Hoje, aos 71, ele continua. Satisfaction nunca acaba.

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