Translate

segunda-feira, 2 de março de 2015

OS SETE SABERES

Edgar Morin, filósofo francês, nasceu em 1921 em Paris. Livre de fronteiras disciplinares, Edgar Morin pensa de forma transgressora e complexa. Numa entrevista dele na Globo News, descobri que era seu seguidor sem nunca ter lido sobre suas idéias. O que ele sempre propôs é complexo. A interligação entre ciência, artes e tradição; entre sujeito, objeto e conhecimento produzido; entre corpo, mente e sentimentos.
Simplificando esta complexidade, nada mais é do que condenar a separação do conhecimento em disciplinas estanques entre sí, tornando universal a prática de analisar o conhecimento separadamente sem aprendermos a relacionar e a interligar.
A lógica da sociedade atual da "separação" em todos os campos sociais, ignora que cada ser humano é um individuo indivisível e complexo, e que o ensino massificado tal como está , não alcança a todos.
Como resultado a "separação" se espalhou pelo tecido social na forma de discriminação social, a estratificação das pessoas em camadas sociais ou em níveis sociais, ou ainda em castas. As guerras e a falta de diálogo intercultural. A incapacidade de compreender as necessidades e os pontos de vista do outro, de outra cultura, de outra comunidade.
Segundo Morin, "nosso atual modelo de educação, fundado sobre a lógica da disjunção, é incapaz de perceber as relações existentes entre os conhecimentos, é incapaz de conceber e contemplar, em seu currículo e sua didática, o ser humano como um todo indiviso. Desta maneira, contribui para o distanciamento cada vez mais crescente do ser humano para com os outros e para com a natureza. Sem falar no desconhecimento do ser humano em relação a si próprio, a seus desejos internos, suas necessidades, seus sentimentos, medos e anseios."
Para Morin, não existe um conhecimento absoluto, simplesmente porque cada um de nós temos visões, ambições e interesses próprios. A ideia de que todos percebemos a mesma realidade é uma ilusão. A partir da nossa percepção individual, tudo que recebemos do exterior, reconstruímos uma realidade conforme nossos próprios processos internos. Ou seja, o que achamos que é a realidade, na verdade é uma interpretação particular, individual e só partilhada através da linguagem.
A educação tradicional, adotou um único modelo de realidade que é postulado nos livros didáticos que são perpetuados geração a geração. Os professores são formados a partir de uma simplificação de mundo onde eles acreditam que é possível simplificar a realidade para ser melhor apreendida ou transmitida.A fórmula não deixa margem para os out-siders, deixando pelo caminho aqueles que não conseguem ou estão bem a frente e não querem seguir o modelo tradicional
A educação planetária deve caminhar em direção às associações, não só analisando a realidade, mas estabelecendo relações entre os conhecimentos construídos. Relacionando também indivíduo, sociedade e natureza; corpo, mente e emoções.


A identidade humana, o que nos torna humanos, o que nos une enquanto seres humanos. Essa é uma questão que não pode ser ignorada pela educação planetária.
A questão não levada em conta é que, se somos todos muito parecidos geneticamente, de uma mesma espécie, e temos as mesmas necessidades, ao mesmo tempo, somos diversos, em cultura, em organização de sociedades, raças, religião, línguas.
Somos, ainda, parte de uma natureza indivisível. Dependemos de interligações com outros seres vivos, com seres não vivos, somos natureza.
Essas são as três dimensões do ser humano: enquanto individuo, enquanto espécie, enquanto ser social. E estamos ameaçados em todas as dimensões. O pensamento simplificador da realidade fez com que, ao perdermos a visão do todo e suas ligações, produzíssemos conhecimentos capazes de nos distanciar cada vez mais da vida natural e social.
Enquanto espécie, estamos ameaçados constantemente por perigos de guerra, de desastres nucleares, perigos causados pelo aquecimento global.
Enquanto ser social, estamos ameaçados pela manipulação do capitalismo, por uma economia que invade fronteiras e busca uma globalização capaz de aniquilar culturas em prol da criação de consumidores para alimentar o mercado.
Enquanto individuo, o ser humano se perde de si mesmo, ignora sua espiritualidade, seus objetivos, seus desejos e medos. Cai, sem notar, cada vez mais no abismo das doenças da modernidade: depressão, ansiedade, obesidade, loucura.
Neste empenho para mudar a tradição educacional, Morin estabelece estruturas indispensáveis na edificação do futuro da educação.Os sete saberes. O primeiro é sobre as cegueiras do conhecimento – o erro e a ilusão: deve-se valorizar o erro enquanto instrumento de aprendizagem, pois não se conhece algo sem primeiro cair nos equívocos ou nas ilusões.
O segundo saber se relaciona ao conhecimento próprio, assim, a educação deve deixar o universal, as diversas dimensões do ser humano e da sociedade, e a estrutura complexa bem claras.
O terceiro saber é divulgar a condição humana, ensinar ao aluno que o Homem é um ser multidimensional.O Quarto saber prioriza a identidade terrena, pois é fundamental conhecer o lugar no qual se habita, suas necessidades de sustentabilidade, os novos implementos tecnológicos, os problemas sociais e econômicos que ela abriga.
O quinto saber indica a urgência de enfrentar as incertezas, que parte da certeza da existência de dúvidas na vida humana, posto que, não é possível, ainda, predizer o futuro. 
O sexto saber defende que se deve ensinar a compreensão, fator indispensável na interação humana; ela deve ser instaurada em todos os campos de ação do cotidiano escolar. Mais que necessário como vemos no momento atual cheio de violência entre humanos.
  O sétimo saber é a ética do gênero humano, correspondente à antropo-ética, a qual defende que não devemos querer para outrem aquilo que não desejamos para nós mesmos, aliás, como já pregava Jesus Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário