Translate

sexta-feira, 6 de março de 2015

Fantasias no Atoleiro



A Revista The economist diz numa reportagem na sua última edição que, para um turista, não parece ter nada de errado como Brasil. A Classe média que vive na orla de copacabana, Ipanema e Leblon está a poucos minutos da area comercial e começa o dia com um jogo de voley ou praticando surf, tem escritórios com vista para montanhas deslumbrantes, mas se o turista se desviar para distritos mais afastados o brilho desaparece rapidamente. Favelas plagued by poverty and violence cling to the foothills. A economia brasileira também é assim, diz a revista, quanto mais fundo se vai mais parece pior.Os brasileiros em geral não se preocupam muito com a economia. Na verdade não entende muito como funciona, nem como ela atinge seu bolso, apenas sente quando.O Brasil tem uma média de crescimento de apenas 1,3% nos últimos quatro anos. Um mistério para quem não conhece o jeitinho brasileiro de desviar verbas, desde o aumento suicida de preços no varejo a arrecadação de impostos. Economistas esperam uma contração de 0,5% este ano, seguida de um crescimento de 1,5% em 2016. Com a inflação acima de 7%, o poder de compra dos consumidores está sendo corroída. Aumentos de preços vai continuar. O Brasil está enfrentando uma grave falta de água; uma vez que três quartos de sua eletricidade vem de hidrelétricas, isto está minando-o de energia. Para evitar apagões o governo pretende diminuir o uso, aumentando os preços: as taxas vão aumentar em até 30% este ano. Com o real perdendo 10% de seu valor em relação ao dólar no mês passado, a subida dos preços de importação vai trazer mais inflação. Como o salário mínimo do Brasil é indexado ao PIB e a inflação, a recessão vai congelar salários reais para milhões. Para equilibrar as contas, impostos mais altos sobre os combustíveis estão sendo implantados, um golpe para um país amante de carros (?) A revista não faz referencia ao sistema depauperado de transportes públicos, mas acha que se as reformas do Sr. Levy forem aprovadas, a renda dos brasileiros mais velhos irão parar. Há poucas fontes de compensação, o Investimento vai afundar em 2015. A Petrobras, a gigante do petróleo parcialmente estatal que é o maior investidor do Brasil, está atolado em um escândalo de corrupção que paralisou os gastos: o caso pode custar até 1% do PIB em investimento. Em 24 de fevereiro de Moody, a agência de classificação de crédito, reduziu sua dívida para status de lixo; se a Petrobras não publicar resultados auditados em breve poderá não ser capaz de tomar emprestado a ninguem.Exportação também vai mal, apesar de o real cair. Cinco países-China, Estados Unidos, Argentina, Holanda e Alemanha compram 45% das exportações brasileiras. No entanto, a maior preocupação não é que o Brasil tem um ano ruim, mas que os seus instrumentos de política estão quebrados, o que significa que ele está preso em um atoleiro. Brasil gastou 311,4 bilhões de reais (6% do PIB) em pagamentos de juros em 2014, isso significa que, mesmo se a unidade fiscal do Sr. Levy decolar, com uma previsão de um superávit primário de 1,2% do PIB, o Brasil ainda vai estar no vermelho. Despesas do Estado têm-se revelado difícil de controlar, com pagamentos de benefícios crescentes, apesar da (estranha) queda do desemprego.

A Fitch, uma agência de notação de crédito, coloca o Brasil um nível acima de lixo, mas tem mais dívida, déficits maiores e taxas de juros mais altas do que a maioria dos países nessa categoria. Se o crescimento se evapora, um rebaixamento seria uma certeza, aumentando os custos de dívida ainda mais.Esses impasses não são incomuns, mas problemas monetários do Brasil são. O País deve escolher entre dois caminhos desagradáveis. A primeira é manter as taxas de juros elevadas, apesar da economia fraca. Mas não é apenas a famílias que são atingidas por taxas elevadas; empresas são, também. Uma vez que muitas empresas brasileiras não podem pagar as taxas do mercado privado (a taxa média para novos empréstimos a empresas é de 16%) BNDES empresta a uma taxa concessionária, atualmente de 5,5%. O financiamento vem do estado, que toma emprestado a uma taxa muito mais elevada do que as empresas pagam. A diferença, uma perda, é paga sem que eles notem, pelos contribuintes.
A Segunda alternativa é cortar as taxas, apesar do aumento da inflação, uma jogada ousada, dada a história do Brasil. A causa de aumentos de preços, afinal, não é uma economia de superaquecimento, mas a queda do real, aumento dos impostos e da seca. A resposta neste caso seria tipo, ignore a inflação.O resultado seria a queda, mais ainda, do real. Acelerando o aumento dos preços dos bens importados. Dívida externa, que as empresas brasileiras e os governos locais acumularam devido às taxas de juros mais baixas em oferta, se tornaria mais difícil de suportar.
Confrontado com estas opções venenosas, um caminho do meio é o mais provável. Ao misturar a política monetária e fiscal, o Brasil está afundando mais lentamente, mas afundando. Em uma economia se dirigindo para a recessão, que não é um bom lugar para se estar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário