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quinta-feira, 12 de novembro de 2015
VOLTAR À ISRAEL, PRÁ QUÊ?
Caetano Veloso foi fazer um show em Israel, apesar de pressionado e ficar indeciso como sempre, depois de receber uma carta de Roger Waters, um dos militantes do BDS, movimento que tenta arregimentar forças para boicotar Israel em favor dos palestinos. Mas o que colocou Caetano de novo no centro de discussões polêmicas foi o artigo escrito pelo próprio na Folha de S. Paulo "Visitar Israel para não mais voltar à Israel", título aliás, bem de acordo com o palavreado caetânico, que quer dizer muitas coisas e no fim não quer dizer nada. Caetano, para quem não sabe, é o rei das frases dúbias, qualidade que por um bom tempo, nos anos 70, o fez ser confundido com um grande pensador ou um novo tipo de intelectual moderno que inteligentemente usava de metáforas para driblar a censura. Seus artigos que escreve nos jornais mostra que seu problema é não ter ideias formadas sobre tudo, a verdadeira metamorfose ambulante cantada por Raul Seixas. Não por acaso tudo que fala ou escreve vira polêmica, o que deve ser seu objetivo, a começar pela resposta da ....Israel, e de vários artigos criticando sua posição no artigo totalmente contra Israel, apesar de ter sido pago para fazer lá seu show e ser recebido com benevolência pelos que gostam da sua música.
Apesar do artigo ser um mar de incertezas, vou falar apenas de três questões que me parecem dignas de alguma discussão, lembrando que o cantor/compositor/ escritor admirador do concretismo de Augusto dos Anjos, sempre que escreve algo faz referências à varias pessoas ou fatos, alguns aparentemente sem nenhuma relação com o assunto em pauta. O que mostra, pelo menos para mim, não ter ideias concretas na cabeça e se basear no que os outros pensam ou dizem.
Caetano reclamou por exemplo da falta do estado de alerta das pessoas em Tel Aviv, o que refletia o poder adquirido pelo estado de Israel, a certeza de que sua defesa estava firme. O que ele queria pelo visto é obvio, um povo amedrontado esperando uma chuva de bombas sem um sistema de bloqueio de misseis enviados pelos militantes do Hamas. Ainda na dúvida, se pergunta se, conforme a música de Marcelo Yuka, esta é a paz que não quero? Será que depois de todos estes anos atacado por todos os lados os Israelenses não deveriam ter organizado sua defesa de forma firme e segura? Acho que Caetano, na sua casa no Leblon, não pode achar nada, mas os Israelenses com certeza, ainda que forjada pelo costume, querem esta paz.
Caetano faz uma comparação entre os assentamentos palestinos com as favelas brasileiras, uma visão metafórica, mas que mostra a total dicotomia dos seus pensamentos, uma coisa não tem nada a ver com outra, e nem com os assentamentos do MST, na verdade Caetano defende um governo no Brasil que nos últimos (muitos) anos deixou proliferar o crime nos guetos conhecidos como favelas, e critica um governo em Israel que mantém um sistema seguro de defesa.
Ambiguo, como sempre , sempre fazendo referências à pessoas ou músicas, Caetano após visitar Susiya, diz que pensou em gritar "Break the Silence" o brado dos que criticam a politica do governo israelense na Cisjordânia, durante o show, mas fazendo um grande esforço interno optou pelo silencio. Acho que foi por prudência, ou medo, certamente se lembrou do que sobrou prá ele gritar "é proibido proibir" em um show durante o regime militar. Lembrando, e para provar que suas ideias não são coordenadas, que anos depois de bradar "é proibido proibir" e sem nenhuma censura vigente, o músico se juntou a trupe que queria proibir a publicação das biografias não autorizadas.
Caetano diz por fim que não volta à Israel, porque acha que todas as queixas do BDS são fundadas, baseado nas informações de gente que quer ver Israel riscado do mapa e até, vejam só, num documento do Sindicato dos metalúrgicos de S. J. dos Campos que diz se somar ao BDS por entender ser esta uma importante ferramenta pelo fim do estado de Israel.
Caetano está, inconfundivelmente então, ao lado dos que lutam pelo fim do estado de Israel, ou não?
Depois de declarar admiração por Lamarca, e visitar Dilma Roussef, Caetano assim como Gil, não podem mais serem levados à sério, estão do lado B, contra Israel e contra o Brasil.
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