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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Palavras Cruzadas

A Lava-Jato de Sérgio Moro trouxe para o noticiário nosso de cada dia um elemento novo que existia apenas na nossa imaginação, mas que agora pode ser feito através de organogramas, fluxogramas,  tabelas, relatórios. A nova geração da Justiça formada pelos novos promotores, delegados e juízes, usam e abusam (no bom sentido), das novas tecnologias de informação e se aproveitam de qualquer  escorregada dos meliantes que deixam pistas em vídeos ou gravações de celulares. Daí é só usar o método já usado no filme "O jogo da imitação", e chamar os caras bons em palavras cruzadas.
O Jogo da corrupção no Brasil, que envolve a alta côrte composta de banqueiros, empreiteiros e  políticos no poder é diversificado, mas em todos existem conexões que no caso de escorrego de um infeliz, todos vem à tona. Daí a chuva de delações premiadas, a nova sensação da Justiça brasileira. No país onde criminosos comprovados se dizem inocentes na maior cara-de-pau, as ligações não significam nada, mas é um escárnio, como disse a Juíza do STF, como os envolvidos parecem flertar com a impunidade.
Muitas conexões já foram mostradas nos casos dos que já foram presos, mas ainda aparecem muitas ainda sem definição, mas que estão sendo reviradas não só pela policia Federal, mas por jornalistas e detetives das redes sociais.
Por exemplo: Lula é amigo de José Carlos Bumlai; Bunlai é pai de Fernando, marido de Neca, filha de Pedro Chaves dos Santos. Pedro Chaves é suplente (que deverá assumir a cadeira de senador) de Delcídio do Amaral, preso ao tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró com a ajuda de André Esteves; André Esteves comprou a fazenda Cristo Rei, de José Carlos Bumlai, que tomou R$ 12 milhões no banco de Salim Schahin, cuja empreiteira associou-se à Sete Brasil, presidida por João Carlos Ferraz, que era amigo de Lula.
André Esteves, banqueiro que foi preso na mesma operação que prendeu o Senador do PT Delcídio do amaral, é um dos 13 sujeitos mais ricos do Brasil. Ele aparece em muitos fluxogranas, digo fluxogramas, envolvendo corruptos presos ou soltos.Por exemplo:
André Esteves é dono do BTG que comprou o BSI, banco suíço, que apresentou uma nota dizendo que o Senador Romário não tinha contas na Suíça.
Segundo as gravações que levaram à prisão do Senador Delcídio, Romário resolveu abandonar sua candidatura à prefeito do Rio de Janeiro em favor de Pedro Paulo, candidato de Eduardo Paes à sua sucessão na prefeitura do Rio. O irmão de Paes, Guilherme Paes, é sócio de André Esteves, dono do BTG, que comprou o BSI.
Como dizia um velho colunista de um jornal do Ceará: liguem os fios.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

UMA SESSÃO TRISTE, MAS DIVERTIDA.

A Sessão extraordinária do senado federal aberta para cumprir a exigência constitucional da casa  avaliar se mantinha na prisão, ordenada pelo STF, do primeiro Senador da República preso em flagrante, foi um misto de diversão e constrangimento, pelo menos para mim. É risível, mas compreensível pelo próprio perfil de quem elege alguns políticos, a atuação de parlamentares que sendo Senadores da República, deveriam estar num nível pelo menos qualificado para exercer o cargo. A discussão maior, que levou horas, não foi sobre a pauta inédita sobre a prisão de um parlamentar em exercício, mas como se dariam os votos, se aberto ou secreto, e apesar do regimento estar desatualizado, o que mostra que este mesmo senado não faz absolutamente nada, e não se sobrepor sobre a constituição, havia a predisposição do presidente Renan Calheiros e da mesa de que o voto seria secreto, não adiantando as questões de ordem bastante consistentes de alguns senadores de que o voto secreto está especificado, em casos específicos, na constituição. É lamentável que numa casa que é um dos pilares da Democracia tenha algumas raposas que ainda queiram interpretar as leis de acordo com seus (minguados)  pontos-de-vista.
Aliás, deve haver algo terrivelmente  de errado nas redações das leis brasileiras para que cada um interprete de um modo diferente do outro. Se os parlamentares, que têem status de Deuses e imunidade contra tudo não são capazes de interpretar o óbvio, fico pensando nos casos comuns, que dependem de interpretação de um só juiz,  diante de um código penal desatualizado e num emaranhado de leis que não estão mais satisfazendo a demanda da nação.  
A parte divertida foi ver que os intocáveis senadores, alguns em polvorosa, sentiram que não estão mais imunes à justiça, e que a imunidade, que deve algum dia acabar, serve apenas para que tenham liberdade de expressarem seus ponto de vista políticos no exercício do cargo, não para ficarem impunes de crimes, seja eles qual forem.     

MORRISSEY SOMBRIO NO RIO



 
Para quem não gosta do som do ex-líder dos Smiths, Morrissey é um chato. A volta dele ao Rio depois do show na Fundição progresso em 2012, não mostrou nenhuma novidade para os fãs que lotaram o lugar, a não ser para os novos críticos que não o conhecem e o tacharam de melodramático. Mas embora o tempo esteja passando para o instigante Moz e o Metropolitan pareça apertado, Morrissey  ainda leva seus devotos a qualquer lugar.
Para os que não entendem sua mensagem, o Set list do show foi uma lição de protesto, inconformismo e engajamento. Para os que não conhecem suas letras, algumas das mais polêmicas da história da música recente, lê-las poderia fazer alguns mudarem de idéia. Não é de agora que as músicas de Morrissey são engajadas e críticas ou expõe sua forma de ver a realidade de uma maneira original. Nesta Turnê Morrissey está particularmente incisivo e insatisfeito, apesar de abrir os trabalhos com Suedhead. A sequência é um mar de insatisfação, começando com Alma Matters,
(pulando This Charming Man  dos Smiths), reclamando das(os) amantes e amores em  You Have Killed e Speedway, mostrando cenas brutais (?) no telão em Ganglord.
Todos sabem que Morrissey reclama de Manchester em Every day Is Like a Sunday ,mas agora critíca a ordem mundial em World Peace Is None Of Your Business e continua a lamentar a desesperança em How Soon is Now?  canção dos tempo dos Smiths.
O mundo está cheio de idiotas e é um lugar ingrato prá se viver, como opina em  World Peace Is None Of Your Business e  The World Is Full Of Crashing Bores.
Interessante notar que além da forma simbólica em You Have Killed, a morte em suas várias formas, é a maior presença nas músicas do set list do show. A forma trágica é lembrada em Mama Lay Softly On the Riverbed e One of Our Own, é sentida em Oboe Concert e First Of The Gang To Die e de forma diversa é celebrada em  The Queen is Dead.
Para protestar contra matanças em geral, de homens e animais, Morrissey apresentou como sempre, a  onipresente Meat is Murder,  e comemorou a morte do toureiro em  The Bullfighter Dies. Com a bandeira da França no telão prestou sua homenagem às vitimas dos atentados de novembro cantando I’m Throwing My Arms Around Paris. Melodramático ou pessimista,  Morrissey apenas mostrou com seu set list sombrio, que não dá prá ser feliz num mundo à beira do colapso.

sábado, 21 de novembro de 2015

TERRORISTAS NO RIO


A Policia Federal localizou num Hospital do Rio três indivíduos de origem síria, cadastrados como terroristas pela CIA, fato  confirmado pelo FBI através de selfies já que os mesmos estavam sem identidade nem passaportes, e que segundo confissão dos próprios estavam planejando chegar a Nova York para realizar um atentado contra a  estátua da liberdade.
As investigações dão conta de que os perigosos indivíduos chegaram ao Rio no Domingo, 8 de Novembro às 7:33, vindos da Turquia. Segundo a policia, para não levantar suspeitas, os três que receberam a missão de sequestrar um avião para atingir a estátua, confessaram que achavam que era mais fácil entrar em ares americanos vindo do solo brasileiro. E que nada poderia dar errado.
Os três, que se encontram em estado bastante grave, confessaram em troca da delação premiada que a missão começou a complicar já no desembarque, quando a bagagem dos muçulmanos com o material explosivo foi extraviada, e até agora, segundo informações não foi localizada. 
Após quase sete horas de peregrinação por diversos guichês e dificuldade de comunicação em encontrar alguém que falasse Inglês, os três resolvem sair do aeroporto para o local onde ficariam hospedados, e pegaram um táxi na estrada, por precaução, sem saberem que era pirata e que o motorista ao perceber que eram estrangeiros, rodou duas horas dando voltas na Linha Vermelha , e ao invés de deixa-los no Catete, onde morava um contato do grupo, entendeu que estavam indo pra Baixada Fluminense. Em Caxias, ao parar o carro, apareceram cinco bandidos que os assaltaram e espancaram.
Por sorte, conseguiram escapar com alguns dólares que tinham escondido na cueca e pegaram carona num caminhão de milicianos que levava uma carga de botijões de gás prá zona Oeste.
Às 18h20h do Domingo, os homens de al-Baghdadi  chegam perto do estádio do Maracanã. O Flamengo acabara de perder o jogo . A torcida rubro-negra confunde os terroristas com integrantes da torcida adversária e lhes dá uma surra ao estilo rubro-negro. O chefe da torcida, um tal de “Pé de Mesa”, abusa sexualmente deles.
Às 19h45m, finalmente são deixados em paz, com dores terríveis pelo corpo, e ao verem uma barraca de venda de bebida nas proximidades, decidem se embriagar uma vez na vida (mesmo que seja pecado, Alá perdoa). Tomam cachaça adulterada com metanol e vão parar no Miguel Couto. Os médicos diagnosticam gonorréia com gastro-enterite e os mandam prá casa..
Sem entenderem o que estava acontecendo, na segunda-feira, às 7h33m, graças ao treinamento de guerrilha no Afeganistão, os dois terroristas conseguem chegar ao hotel no Catete.
Procuram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares. Não desconfiam que as  notas de R$ 100,00 são falsas, dessas que são feitas grosseiramente a partir de notas de R$ 1,00, e não confiando em táxis, alugam um carro para voltarem ao aeroporto mas erraram o caminho e  entraram para o lado da Rocinha onde o carro foi totalmente metralhado. Mais uma vez graças ao treinamento de guerrilha se safaram, e tentaram voltar para o aeroporto, determinados agora a  sequestrar  um avião e jogá-lo bem no meio do Cristo Redentor, mas encontraram um congestionamento monstro por causa de um ônibus incendiado num protesto e ficaram três horas parados na Avenida Brasil, altura de Manguinhos, onde seus relógios e celulares reservas foram devidamente levados em um arrastão. 
Por fim, às 15h45m chegam ao Tom Jobim para sequestrar um avião.
Aeroviários estão fazendo uma muvuca no saguão do aeroporto, tocando pagode e gritando slogans e palavras de ordem contra o governo. O Batalhão de Choque da PM chega batendo em todos, inclusive nos terroristas.
Os árabes são conduzidos à delegacia da Polícia Federal no Aeroporto, acusados de tráfico de drogas, visto que tiveram plantados papelotes de cocaína nos seus bolsos.
Às 18 horas, graças ao treinamento de  guerrilha, conseguem se escamotear aproveitando uma briga  de presos e se dirigem ao balcão da GOL determinados a comprar as passagens, mas o funcionário desconfia do dinheiro falso e chama a polícia. Acreditando que foram descobertos, os três saem correndo e discutindo entre si, pois começam a ficar em dúvida se destruir o Rio de Janeiro, no fim das contas é um ato terrorista ou uma obra de caridade.
Às 23h40m os três terroristas fogem do aeroporto escondidos na traseira de um caminhão de eletrodomésticos que vai prá S. Paulo, assaltado minutos depois quando passava em Belford Roxo na Washington Luiz. Confundidos com seguranças, tendo que usar de novo o treinamento de fuga,  saem correndo pela pista  debaixo de uma saraivada de balas. Desnorteados, famintos, andando sem rumo são resgatados por uma van clandestina de uma ONG ligada a direitos humanos. Voltam ao Rio e cansados, famintos e sem dinheiro nenhum, decidem comer sem pagar num restaurante pé sujo e pedem churrasquinho com queijo de coalho e limonada, o que provoca uma diarréia nos miseráveis quase instantânea. Depois de três horas no banheiro e graças ao treinamento de guerrilha, conseguem sair sem pagar e debilitados, acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja. Não houve tempo para perceberem a nova ameaça que se aproximava.
A Polícia Federal ainda não revelou o hospital onde os dois foram internados em estado grave, depois de espancados quase até a morte por um grupo de mata-mendigos
Um delegado declarou que os três, se saírem com vida da UTI, serão deportados para os EUA,  o Ministério da Justiça deve autorizar a deportação dos tres infelizes, se tiver verba, é claro.
Segundo o delegado confidenciou, este também é um desejo dos três, que manifestam vontade de sair do país o mais breve possível, alegando que em matéria de terror e sofrimento, estamos anos luz à  frente.
(Fonte CNN Especial)

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ALÉM DA IMAGINAÇÃO

 
Logo após os atentados do Estado Islâmico contra a França e contra a humanidade, as redes sociais no Brasil foram tomadas pela velha discussão medíocre entre os contra e os "à favor"  de assuntos que na maioria das vezes os indivíduos não têm a mínima noção do que está acontecendo por trás das cenas e  se baseiam apenas nas reportagens editadas na Tv e nos posts das mesmas redes sociais.
Embora seja do lado que reconheça o direito de qualquer um escolher suas próprias causas, eu não suporto, ou melhor , estou de saco cheio , como disse Lennon, de paranóicos, Primas-donas, bizarros ignorantes e inescrupulosos em geral. Eu estou me lixando para discussões no Facebook , mas a guerra de sensibilidades entre o que aconteceu em Paris e Mariana feita pelos que fiscalizam a causa dos outros mostra que tudo que foi discutido até agora não ajuda em nada a melhorar um mundo já totalmente abalado pelas tragédias e que a canção "Imagine" de Lennon não vingou.
Como disse o colunista e diretor do Instituto Liberal, João Luiz Mauad, em um artigo –  A crítica sobre a sensibilidade alheia  denota falta dessa mesma sensibilidade. Os que colocaram a bandeira da França em seus perfis foram logo bombardeados por aqueles que acham que a tragédia de Mariana têm a exclusividade dos brasileiros, e que o que ocorreu na França é um problema dos europeus e uma tragédia ,como aqui, regional. Querer discutir qual tragédia é mais importante para o país ou para a humanidade é sinal da  ignorância que explica por que elas acontecem em pleno século 21.
Muitos dos que colocaram a bandeira da França em seus perfis para mostrar condolências ou por sentirem o mundo se esfacelando,  não mostraram desprezo pelo que aconteceu em Mariana, afinal temos provas mais do que suficientes de que somos um povo negligente e tragédias anunciadas podem ocorrer a qualquer hora, podemos dizer que estamos conformados.
A maioria dos que colocaram  a bandeira da França nos perfis, também, sequer desconfiam de que o que aconteceu lá também foi um pouco de negligência, fruto do esquerdismo e o multiculturalismo, ingênuo para os dias atuais, a mesma teoria desarmamentista que impera por aqui,  a autoconfiança e ingenuidade dos franceses  que facilita ocorrências devastadoras como essa.
A tragédia em Mariana, não foi um ato de guerra contra a humanidade e embora fruto da negligência humana não foi uma ação programada contra a população com a intenção de matar.
Os atentados em Paris foi um ataque ao mundo civilizado que atinge todos os povos, porque foram quebradas as fronteiras e o terror pode estar ao seu lado e da sua família. Mesmo estando longe do conflito, não podemos trafegar por um mundo totalmente livre.
Entender o que é mais relevante não me faz ter  que comparar tragédias, afinal todas são frutos da nossa ignorância, da nossa separação por fronteiras ( ao contrário de Imagine), como provou a torcida turca no jogo contra a Grécia na Turquia, vaiando durante o minuto de silêncio pelas vítimas na França.
Os que acham que nossa tragédia é maior não vêem  nos noticiários e portanto não têm conhecimento de que a maioria das grandes empresas brasileiras estão, como todas as instituições, os bancos, fundos de pensão,  aparelhadas pelo governo, pelos militantes do PT e pelos políticos de sua base aliada que buscam apenas benefícios para sí enquanto a sociedade toma prejuízos. O caso mais emblemático, da Petrobrás , não conseguiu indignar nem a metade da população. Portanto, nós, o povo somos também culpados.
Na nossa tragédia, ao contrário de Paris, ninguém quer ser responsabilizado, ninguém será responsabilizado. Como o governo é sócio majoritário da Vale, dias depois da tragédia em Minas, Dilma assinou o decreto 8572 que diz : “…considera-se também como natural o desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens que ocasione movimento de massa, com danos a unidades residenciais”. Com uma simples canetada, Dilma tirou da Samarco e da Vale toda a responsabilidade sobre a tragédia.

(Para saber quais são as empresas que estão sob o controle do PT, basta checar seus quadros acionários, os benefícios fiscais, a quantidade de dinheiro que receberam do BNDES e os valores que doaram aos partidos nos últimos anos.)

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

VOLTAR À ISRAEL, PRÁ QUÊ?



Caetano Veloso foi fazer um show em Israel, apesar de pressionado e ficar indeciso como sempre, depois de receber uma carta de Roger Waters, um dos militantes do BDS, movimento que  tenta arregimentar forças para boicotar Israel em favor dos palestinos. Mas o que colocou Caetano de novo no centro de discussões polêmicas foi o artigo escrito pelo próprio na Folha de S. Paulo "Visitar Israel para não mais voltar à Israel", título aliás, bem de acordo com o palavreado caetânico, que quer dizer muitas coisas e no fim não quer dizer nada. Caetano, para quem não sabe, é o rei das frases dúbias, qualidade que por um bom tempo, nos anos 70, o fez ser confundido com um grande pensador ou um novo tipo de intelectual moderno que inteligentemente usava de metáforas para driblar a censura. Seus artigos que escreve nos jornais mostra que seu problema é não ter ideias formadas sobre tudo, a verdadeira metamorfose ambulante cantada por Raul Seixas. Não por acaso tudo que fala ou escreve vira polêmica, o que deve ser seu objetivo, a começar pela resposta da ....Israel, e de vários artigos criticando sua posição no artigo totalmente contra Israel, apesar de ter sido pago para fazer lá seu show e ser recebido com benevolência pelos que gostam da sua música.
Apesar do artigo ser um mar de incertezas, vou falar apenas de três questões que me parecem dignas de alguma discussão, lembrando que o cantor/compositor/ escritor admirador do concretismo de Augusto dos Anjos, sempre que escreve algo faz referências à varias pessoas ou fatos, alguns aparentemente sem nenhuma relação com o assunto em pauta. O que mostra, pelo menos para mim, não ter ideias concretas na cabeça e se basear no que os outros pensam ou dizem.
Caetano reclamou por exemplo da falta do estado de alerta das pessoas em Tel Aviv, o que refletia o poder adquirido pelo estado de Israel, a certeza de que sua defesa estava firme. O que ele queria pelo visto é obvio, um povo amedrontado esperando uma chuva de bombas sem um sistema de bloqueio de misseis enviados pelos militantes do Hamas. Ainda na dúvida, se pergunta se, conforme a música de Marcelo Yuka, esta é a paz que não quero? Será que depois de todos estes anos atacado por todos os lados os Israelenses não deveriam ter organizado sua defesa de forma firme e segura? Acho que Caetano, na sua casa no Leblon, não pode achar nada, mas os Israelenses com certeza, ainda que forjada pelo costume, querem esta paz.
Caetano faz uma comparação entre os assentamentos palestinos com as favelas brasileiras, uma visão metafórica, mas que mostra a total dicotomia dos seus pensamentos, uma coisa não tem nada a ver com outra, e nem com os assentamentos do MST, na verdade Caetano defende um governo no Brasil que nos últimos (muitos) anos deixou proliferar o crime nos guetos conhecidos como favelas, e critica um governo em Israel que mantém um sistema seguro de defesa.
Ambiguo, como sempre , sempre fazendo referências à pessoas ou músicas, Caetano após visitar Susiya, diz que pensou em gritar "Break the Silence" o brado dos que criticam a politica do governo  israelense na Cisjordânia, durante o show, mas fazendo um grande esforço interno optou pelo silencio. Acho que foi por prudência, ou medo, certamente se lembrou do que sobrou prá ele gritar "é proibido proibir" em um show durante o regime militar. Lembrando, e para provar que suas ideias não são coordenadas, que anos depois de bradar "é proibido proibir" e sem nenhuma censura vigente, o músico se juntou a trupe que queria proibir a publicação das biografias não autorizadas.
Caetano diz por fim que não volta à Israel, porque acha que todas as queixas do BDS são fundadas, baseado nas informações de gente que quer ver Israel riscado do mapa e até, vejam só, num documento do Sindicato dos metalúrgicos de S. J. dos Campos que diz se somar ao BDS por entender ser esta uma importante ferramenta pelo fim do estado de Israel.
Caetano está, inconfundivelmente então, ao lado dos que lutam pelo fim do estado de Israel, ou não?
Depois de declarar admiração por Lamarca, e visitar Dilma Roussef, Caetano assim como Gil, não podem mais serem levados à sério, estão do lado B, contra Israel e contra o Brasil.




  

sábado, 7 de novembro de 2015

FILME - A MÚSICA NUNCA PAROU



"A Música nunca parou"  é de 2011 mas só chegou ao Brasil no ano passado através da NetFlix, do diretor  Jim Kohlberg, com J.K. Simmons e Lou Taylor Pucci, a produção norte-americana é baseada no ensaio “O último hippie" do livro de Oliver Sacks.
Seria um filme incipiente se não tivesse na trama uma relação emocionante com a trilha sonora de peso. Gabriel (Lou Taylor) é um jovem hippie como qualquer outro do fim dos anos 1960, depois de discutir com o pai, sai de casa e some por vinte anos. Nos anos 1980, a família volta a se reunir enquanto o ex-jovem se recupera da cirurgia para retirada de um tumor no cérebro, que o impede de ter recordações do passado ou novas memórias. Gabriel não se lembra de nada do que ocorreu depois de Woodstock, mas  uma terapeuta descobre que ele se recorda de fatos do passado ao ouvir suas músicas preferidas, o que leva o pai, o ex-durão Henry (J.K Simmons) , a  sair procurando todos os discos da época e até trocando os seus pelos discos da banda predileta do filho, Grateful Dead.
O resultado é surpreendente. Para alegria de quem gosta de rock dos anos 70 , entra em cena a trilha sonora  que é recheada de hits: Peggy Lee, Beatles, Bob Dylan, Rolling Stones e Buffalo Springfield, e claro, The Grateful Dead.
No final, pai e filho acabam encontrando uma forma de se relacionarem por meio da música e
quando vão ao show do Dead, o filme já deixou meio mundo emocionado e às lágrimas, que tendem a cair, quando toca "Touch of Grey", música que o ex-hippie não conhece pois foi tocada pela primeira vez em 1982.





Touch of Grey" is a 1987 single by the Grateful Dead and is from the álbum  In the Dark.
 The song is known for its refrain "I will get by / I will survive. "First performed as an encore on September 15, 1982 at the Capital Centre in Landover, Maryland, it was finally released in 1987.
 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

TÁ FALTANDO MÚSICA


Estava pensando em como os tempos atuais estão vazios de música em relação aos anos 70 e 80 quando me deparo com um artigo na Folha de S. Paulo de  Vladimir Safatle  cujo título chama-se "O Fim da Música".O artigo, embora não tenha a mesma direção do que eu penso sobre a música no Brasil, tem alguns pontos de concordância, como o fato de que a música, principalmente à partir dos anos 60, passou a fazer parte da linha de frente do debate cultural, como aconteceu em outros países em épocas diferentes ou na mesma época, unindo os sentimentos e pensamentos de camadas tão distintas e distantes num país em que cabe vários países ou povos.
Mas a tese de que nos momentos em que teve desenvolvimento econômico, o Brasil foi acompanhado de explosão criativa em sua produção cultural, me parece fora de tom, embora se possa dizer que a qualidade musical depende da educação da população, ou do que ela está preparada para produzir, e ouvir.
Quem viveu os tempos de interação musical dos anos 70, em que a maioria ouvia quase as mesmas músicas e de variadas qualidades, sabe que havia a opção de escolher, e que até  a música mais popular, como o samba que vinha dos morros, vinha com o selo de qualidade de grandes mestres.
Para situar o ponto de mudança temos que começar pelos anos 80. No começo da década, os músicos brasileiros começaram, ainda com alguns traços da boa formação cultural aprendida na década anterior, a expor a consciência crítica nacional agora livre da censura e foram bem sucedidos, se levarmos em conta a obra de alguns expoentes como Legião Urbana e Titãs, embora não houvesse crescimento econômico, mas que fez pensar realmente que com o desenvolvimento por vir no Brasil e do resto do mundo haveria uma explosão cultural nunca vista  antes.
O aparecimento do fator Axé e do pagode nos anos 90 que desviou a corrente musical brasileira que desembocou no funk e sertanejo no último decênio não tem muita explicação até porque ainda não foi muito estudado pelos antropólogos musicais mas podemos dizer que a industria musical optou pela simplicidade formal, ou informal.
Pode se acrescentar que o fim da era do rádio apressou o fim da escolha e difusão da música de qualidade, mas acredito também que o ponto principal,  e o pior, foi a inserção das lutas de classes no campo da cultura e nas produções musicais com a desculpa de que a música para o povo tem que vir obrigatoriamente das camadas mais pobres, mesmo de qualidade duvidosa,decretando o fim de uma pretensa dominância cultural da classe média brasileira e least but not last, dominância americana.
Acho que Vladimir tem razão em vários pontos do artigo mas não acho que a música chegou ao fim,
ela está por aí escondida, separada em pequenos nichos e nunca mais vai ser como antes, agora você tem que procurar. Mas faz uma falta danada uma integração nacional, principalmente através de musica.