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terça-feira, 29 de março de 2011

EM BUSCA DO CÓDIGO PERDIDO

Artigo não publicado pelo Jornal "O GLOBO"

Há tempos,quando as crianças mesmo as mais pobres,tinham o hábito de ler,as revistas em quadrinhos exibiam um logotipo na capa para mostrar que eram aprovadas por um código de ética,e a maioria das crianças, incorporavam desde cedo um conjunto de valores e regras que eram seguidos à risca pelos herois das revistas que liam, o que as faziam acreditar que o bem sempre vencia o mal.
Na transição para o regime democrático,as pessoas que tinham esta formação esperavam que os novos brasileiros seguissem o velho código pelo automatico, mas os valores não foram bem passados ou não foram bem recebidos, e hoje estão largados num limbo espaço-temporal formado por um buraco negro que está sugando toda a escala de valores que formam um bom ser humano, e com tal poder que nem o Lanterna verde poderia dar jeito.
Se pudessem contar com os herois dos quadrinhos para resolver os problemas atuais, os que clamam por ajuda logo descobririam que nem os Super-herois dariam jeito no caos tupiniquim. O Flash até alcançaria mais rápido que a policia rodoviaria os motoristas que dirigem bébados e na contra-mão,mas isto não é considerado um problema.
Adolescentes armados;as fraudes;as Igrejas saqueadas; crianças e jovens que desaparecem, os saques aos cofres públicos... são casos que teoricamente o Mandrake,o Fantasma ou o Batman dariam conta do recado,mas antes enfrentariam grandes dificuldades,criadas pelo nosso "choque de civilizações",e também pela comissão de direitos humanos.
As gerações que tomaram conhecimento do código de moral e civismo,assustadas com o crescimento do buraco negro, ficariam mais temerosas ainda após saberem que o grande mágico Mandrake, tinha se recusado a vir ao Brasil, posto que o mágico ao ser contactado para fazer aparecer o dinheiro que some dos
cofres públicos,alegou não sem razão,que só pode fazer reaparecer algo que ele mesmo tenha dado sumiço.E o Fantasma,simplesmente declinar do convite,depois de ter sido alertado por seus advogados, que poderia ser escolhido como muso da parada gay, por conta do seu uniforme vermelho berrante,(às vezes roxo ou lilás).
Contratado para combater os criminosos mais perigosos,como traficantes,membros do MST,e corruptos em geral, Batman voltaria mais paranoico ainda para Gothan city ao ver os chefes do crime,que tanto trabalho deu para prender,soltos por um hábeas-corpus antes que chegasse na bat-caverna.
Para destruir o vórtice e resgatar o código perdido só mesmo Super-Herois com mais tecnologia e superpoderes.Os X-MEN seriam os mais indicados.Mas logo apareceria um deputado com a brilhante ídeia de inclui-los num sistema de cotas para portadores do gene X, fato que causaria polêmica,tendo que ser julgado pelo STF,o que paralizaria as ações por alguns anos.
Outros Superheróis teriam problemas com o ministério público, como o Homem aranha,acusado de atentar
contra a própria vida,ao se balançar na teia entre os prédios de Brasília.
Vendo que combater bandidos aqui é igual a enxugar gêlo, o Homem de ferro,como bom empresário,aproveitaria a isenção do IPI, para fazer uma franquia e vender armaduras populares a preços de custo para a população, muito úteis no caso de balas perdidas,ônibus incendiados e pedras arremessadas em para-brisas.
Num país sem autoridades,onde a consolidação democrática ameaça demorar um século, o buraco negro tende a crescer e levar tudo que ainda resta de ética e moral para sempre,já que parece ser uma obra de Loki,o deus do mal. Thor,e seu martelo encantado,poderia destruir esta artimanha mas, depois de ser expulso da terra dos deuses por Odin,o Deus do Trovão como belchior, nunca mais foi visto. Nem no Uruguai.
A última esperança é que uma legião de brasileiros comuns,resolvam criar condições para que o povo volte a respeitar o código de ética e enfim todo mundo possa começar a respirar os ares da paz. Afinal, pelo menos na ficção,o bem naturalmente vence no final. Aihooo Silver!

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