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sábado, 18 de março de 2017

PRECISAMOS FALAR SOBRE A APOSENTADORIA




A aposentadoria é um dos tópicos trends do momento, embora ninguém queira falar nem discutir. Mas em todos os países desenvolvidos está faltando dinheiro para pagar as aposentadorias, qual o motivo? Em 1850 uma pessoa tinha a expectativa de vida, ao nascer, de cerca de 45 anos. Considerando isto, pouco depois de ficar velha e deixar de trabalhar a pessoa morria. Mas tudo mudou, a expectativa de vida aumentou no início do século XX. Com a revolução industrial os sindicatos passaram a ter mais força e a exigir compensações sociais pelo trabalho nas fábricas, criou-se a contribuição social e a aposentadoria. A aposentadoria tornou-se uma necessidade, pois após o término do tempo de trabalho sobraram ainda muitos anos de vida para uma pessoa esgotada pelo trabalho pesado. As famílias ficaram menores e era necessário manter os velhos que já não podiam trabalhar nas indústrias. Ai criou-se a ideia de que gozar a aposentadoria era um direito conquistado.                                                                                                                         
Na primeira década do século XXI a realidade é novamente diferente. A automação tornou o trabalho mais leve permitindo, assim, que as pessoas pudessem trabalhar muito mais longamente: os músculos foram substituídos pelas máquinas. Os robôs estão eliminando a maior parte do trabalho manual. O setor terciário hoje constitui-se na maior parte das atividades em países desenvolvidos, enquanto isto ocorre, no Brasil continuamos vivendo um sonho ilusório de aposentadoria aos 52 anos. o Brasil está colocado na última posição em termos de idade de aposentadoria, para ver que precisamos mudar radicalmente esta ilusão de direito conquistado.                                                                                            
Hoje uma pessoa de 65 anos ou mais está perfeitamente produtiva. A aposentadoria, concebida como meio de proteger a velhice, precisa ser revista. O que é velhice? Gosto da interpretação de Domenico De Masi que caracteriza a velhice como aquele período em que o indivíduo não tem mais condições de saúde para desenvolver atividades produtivas ou criativas. Segundo ele gastamos nos últimos três anos de vida tanto em saúde quanto em todos os anos anteriores! Então o problema social é garantir às pessoas tranquilidade neste período. Velhice, nesta definição, é o período final da vida no qual a pessoa não tem mais condições físicas ou mentais de exercer sua atividade costumeira.                  
Considerando esta situação a aposentadoria somente deveria ser concedida quando uma pessoa não tivesse mais condições intelectuais ou físicas de trabalhar ou em período muito próximo disto.É ridículo ver pessoas de 60+ anos estacionando em vagas reservadas para idosos e indo malhar na academia. Evidentemente cada faixa tem suas limitações e suas vantagens, a sabedoria está em maximizar as vantagens pessoais e sociais de cada período da vida. O erro de percepção sobre direitos de aposentadoria, que eram reais na Era Industrial, traz terríveis problemas financeiros, pois recursos escassos estão sendo desviados para a manutenção de pessoas plenamente aptas para o trabalho. Sobre a discussão do peso do trabalho para a aposentadoria, não se vê a mudança da atividade que antes era sinônimo de sacrificio e hoje na era pós-industrial deve ser integrado como parte da vida e portanto deve ser prazeirosa, uma atividade agradável e criativa para as pessoas pós-modernas. Aposentar-se, para estas pessoas, é tirar a possibilidade de crescimento e de contribuição social e transformá-las em um peso para o resto da sociedade. E, além disto, estes aposentados passam a ter que encontrar forma de preencher os 25 ou trinta anos que sobram antes da visita da Velha Senhora. Se não o fizerem vão aumentar as filas de espera dos consultórios dos psiquiatras. Não faz o menor sentido continuarmos com as ideias da Era Industrial. Hoje trabalhar é agradável e criativo. Poucos países dão a opção de continuar trabalhando recebendo uma bonificação em troca, não há referências, mas com certeza muitos aposentados vão sentir falta do seu tempo de trabalho, é injusto obrigar alguém a largar o que gosta e transformá-lo de repente num ser inválido.                                                                                                                     Nas Universidades, por exemplo, é inadequado perder a experiência de pesquisadores seniores com 60 anos ou mais por considerá-los velhos. É necessário associar suas experiências com a energia e inexperiência dos mais jovens. Caso contrário teremos a perda da experiência somada ao aumento da carga econômica dos novos que deverão contribuir para a manutenção de pessoas totalmente capazes de trabalhar.    
Mesmo que não gostemos do tema, ele tem que ser resolvido custe o que custar. Regras de transição entre os modelos são absolutamente necessárias. O modelo de sociedade de consumo e o modelo econômico, onde se insere a aposentadoria como conhecemos, estão mortos. A atual reforma do regime de aposentadoria com a definição de idade mínima é necessária para a estabilidade das aposentadorias no futuro. Para comparação com relação à idade para aposentadoria do Brasil com outros países, usando os dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com informações sobre 49 sistemas previdenciários nacionais com a intersecção de dados do G20, apenas 7 países possuem a mesma diferença que o Brasil para a aposentadoria das mulheres (5 anos a menos): Chile, Polônia, Israel, Argentina, Romênia, Rússia e Àustria. Onze países tem diferenças menores (Reino Unido,Turquia, Hungria, Republica Tcheca, Estônia, Suiça Eslovênia, Lituânia, Bulgária, Croácia e Itália) mas futuramente as diferenças serão extintas em nove países dos blocos e diminuídas em sete.                 Dados da rede Pension Watch abrangendo 102 países, dezenas em desenvolvimento, temos 82 países tem a mesma idade para aposentadoria sem distinção de gêneros.Em quatro países a diferença entre os gêneros é menor que o Brasil. Em quinze países as mulheres se aposentam 5 anos mais cedo como no Brasil. Não há registro de diferenças maiores.Pelo que foi apurado, a diferença de cinco anos coloca o Brasil entre os países com mairo disparidade entre os gêneros para a concessão do beneficio entre trabalhadores, sem contar com as pensões vitalicias de pai prá filho muito comum no país.  As aposentadorias públicas são baseadas em fluxo de caixa dos ativos para os aposentados. Se os governos tivessem capitalizado as contribuições durante o período em que havia muito mais ativos do que aposentados a situação seria outra. Portanto a solução é a aposentadoria ser baseada em fluxo de caixa: os aposentados são mantido pelas contribuições dos ativos.O sistema vai desmoronar, se o governo não agir e sempre querer passar o abacaxi para o próximo.


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