Os cariocas pouco protestaram quando o viaduto de bilhões de reais, o “Elevado da Perimetral”, via essencial de acesso ao Centro para os que vêm de parte da zona norte, Ilha do Governador, Niterói, grande Rio e grande Niterói (via Ponte Rio-Niterói) foi demolido. Os cariocas e demais fluminenses, que já tinham enormes dificuldades de mobilidade na cidade, veem tais dificuldades aumentarem, e aumentarem muito, pois os prejuízos advindos da interdição e demolição refletem-se e refletir-se-ão em toda a cidade por vários anos. É um horror. Esse horror começa agora e só terminará em 2016, quando as obras terminariam, isto se o cronograma anunciado for para valer, coisa difícil de acreditar. De se lembrar que o “Elevado da Perimetral” dá acesso diretamente a um dos dois maiores aeroportos do Rio, o Santos Dumont e é caminho para o outro, o Galeão, para os que vêm da zona sul da cidade.
Os custos gigantescos que vão desde a destruição do patrimônio público da cidade a enormes transtornos no trânsito, transtornos que trazem prejuízos de toda ordem para a população, financeiros inclusive, são justificados pelo prefeito Eduardo Paes (também em propaganda da Prefeitura veiculada na televisão) com uma tal de “revitalização da zona portuária” do Rio (o que quer que isto signifique), argumentos estéticos (o elevado da perimetral seria feio) e a conversa fiada de que a tal da “revitalização” está sendo custeada pela iniciativa privada. Ora, o custeio pela iniciativa privada só aconteceria se ela pagasse os bilhões de reais gastos na construção do elevado, os milhões gastos na sua destruição e os bilhões gastos pela população em engarrafamentos que repetir-se-ão diariamente por anos e que não aconteceriam se o elevado fosse mantido. Evidentemente, a “inciativa privada” não está pagando por nada disto, e, portanto, quem paga e pagará ainda durante muito tempo pelo desatino “paeseano” é o público carioca, é a turma de sempre. Essa história de que a “iniciativa privada” custeia a “revitalização” da zona portuária é mentira de Eduardo Paes, e da grossa.
O “jabuti está trepado na árvore” não apenas pela destruição do patrimônio público, equipamento essencial ao funcionamento da cidade, mas também pelo silêncio ensurdecedor da mídia. Por que ninguém fala nada? A intervenção da Prefeitura é, no mínimo, controversa, e ninguém fala nada! Quais interesses estão sendo protegidos por este silêncio? Coisas muito menos controversas, como, por exemplo, a pichação do Bieber na madrugada, merecem divulgação, enquanto sobre a intervenção “black-block” altamente questionável não se escreve uma linha de crítica. Muito estranho.
Um comerciante que explorava economicamente o local, ou o procurador dele, não sei ao certo, foi o único que reagiu no mesmo tom da agressão que sofreu da Prefeitura e deu um tabefe no secretário que se preparava para conceder entrevista à TV. O incidente foi televisionado. O que deu o tabefe foi devidamente preso e esquecido.
O dono da cidade, ou Prefeito, Eduardo Paes está fazendo com a cidade o trabalho de milhões de black-blocks,, e dá péssimo sinal do que seria capaz de fazer se dispusesse de mais poder.
De todas essas coisas esquisitas, ficam, então, além da perplexidade, perguntas: a quem, quem mesmo, nominalmente, a “revitalização” da zona portuária beneficiará? Quais são os nomes dos bois? Quem anda comprando o quê, por lá, e por quanto? Qual a valorização dos terrenos e imóveis daquela área após a "revitalização"? Quanto custa para os cofres municipais a baderna, ops, a intervenção, que a Prefeitura está a promover na cidade?
Jabuti não sobe em árvore...
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