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sábado, 20 de outubro de 2012

SEM CENSURA

Os quase quarenta anos do lançamento do primeiro disco dos Secos me levaram de novo a pensar no fato de que as novas gerações de brasileiros que consomem música e politica estão totalmente alienadas ou desconhecem tudo que se passou nesta fase dos anos 70, informada pela mídia atual como "anos de chumbo". Como poderiam surgir flores como Os Mutantes e Secos & molhados numa era de chumbo? Alguem está errado.A censura, tão combatida pela imprensa até hoje, até que tinha suas virtudes, como evitar que a molecada e todos nós  ouvissem as bizarrices que ouvimos hoje.
Vamos ver um pouco do histórico do grupo de João Ricardo.
Em 1973, os Secos & Molhados se tornaram um dos maiores fenômenos da MPB, batendo todos os recordes de vendagens de discos e público. O disco era formado por treze canções que ao ver da crítica, parecem atuais até os dias de hoje. As canções mais conhecidas como  "Sangue latino", "O Vira", e "Rosa de Hiroshima" reviraram todos os conceitos do que se entendia como MPB. O disco também destaca inúmeras críticas ao regime militar que estava implantado no Brasil, em canções como "Primavera nos Dentes" e  "Assim Assado" – esta de forma mais explícita em versos que personificam uma disputa entre socialismo e capitalismo,mas não foi censurada. Até mesmo a capa do disco foi eleita pela Folha de São Paulo como a melhor de todos os tempos de discos brasileiros.Sem censura.
O sucesso do grupo atraiu a atenção de todos, mídia e público, da qualidade musical á performance teatral de Ney matogrosso,com conotação GAY,mas sem censura, passando pela maquiagem pesada dos componentes,algo inusitado até então.(Só depois veio o Kiss). sendo uma das primeiras e poucas bandas brasileiras a aderirem ao glam rock.
Em fevereiro de 1974, fizeram um concerto no Maracanãzinho que bateu todos os índices de público jamais visto no Brasil - enquanto o estádio comportava 30 mil pessoas, outras 90 mil ficaram do lado de fora.
Em agosto do mesmo ano, é lançado o segundo disco de estúdio da banda, que tinha em destaque "Flores Astrais", único hit. O lançamento do disco foi pouco antes do fim da formação clássica da banda, que ocorreu por brigas internas entre os membros. E não por obra de setores da censura do governo militar.O segundo álbum – que veio sem título, e com uma capa preta – não fez tanto sucesso comercial como o primeiro.
É interessante observar a quantidade de músicos ,cantores e bandas de boa qualidade deste período, e se perguntar como eles sobreviviam numa ditadura de chumbo. A verdade é que a censura imposta pelos militares era limitada às referencias politicas e às que atentavam contra a moral.Nada demais para os padrões da época.
Vamos encarar, a turma era muito mais esclarecida e a atmosfera musical era muito mais envolvente.Havia sim,liberdade para ser feliz. Mas voltando ao assunto inicial, há quase quarenta anos atrás... 


 
Os Secos & Molhados estão inscritos em uma categoria privilegiada entre as bandas que levaram o Brasil da fase tropicalista  para o rock brasileiro, um estilo que só floresceu expressivamente nos anos 80, influenciando bandas como o Legião e outros grupos de Brasilia (!) filhos diretos de militares e do regime militar. Seus dois álbuns de estréia incorporaram elementos novos à MPB,servindo como fundamental referência para uma geração de bandas underground que não aceitavam a MPB como a exata expressão do momento. O grupo continua a ganhar atenção das novas gerações: em 2007, a Rolling Stone Brasil posicionou o primeiro disco do grupo em quinto lugar na sua lista dos 100 maiores discos da música brasileira e em 2008 a Los 250: Essential Albums of All Time Latin Alternative - Rock Iberoamericano, o colocou na 97ª posição.The end.


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