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sexta-feira, 1 de maio de 2009

FAGNER - O ULTIMO DOS REBELDES

Uma amiga me perguntou quais as músicas do Fagner eram poemas musicados. Como cearense eu deveria saber. Chutei algumas, mas fui pesquisar mais a fundo e descobri, ou redescobri, a pura poesia que embalou meus anos em Fortaleza, e ouvindo os primeiros discos do poeta rebelde lembrei dos shows que eu ia ver no teatro Tereza Rachel aqui no RJ. E como era o inquieto, irreverente, imprevisível...Raimundo Fagner. Cantor, compositor, instrumentista, ator, produtor.Cearense de Orós, Fagner nasceu em 13.10.1949. filho de José Fares e Dona Francisca. Em conjunto com Belchior, Rodger Rogério, Ednardo e Ricardo Bezerra, formou o que se chamou de Pessoal do Ceará. Fagner se muda para o Rio de Janeiro em 1971.No ano seguinte, Mucuripe é gravada por Elis Regina e estoura nas paradas de sucesso do país. A música Cavalo Ferro é gravada em 1973 no disco Meu Corpo, Minha Embalagem, Tudo Gasto na Viagem, do Pessoal do Ceará.

É em 1973 que Fagner grava o seu primeiro LP, MANERA FRUFRU MANERA, Nele está um dos seus maiores sucessos, a música Canteiros, poema de Cecília Meirelles musicado por Fagner. A música causou polêmica, vez que no disco não havia créditos para a poetisa, constando a autoria apenas de Raimundo Fagner. Canteiros tem como música incidental Hora do Almoço, de autoria de Belchior, e Águas de Março de Tom Jobim.
No piano, a maestria de Ivan Lins.A partir daí, a carreira levanta vôo definitivo. Fagner lança o Ave Noturna, pela Continental, onde predominam músicasde caráter pessimista.É o ano de 1975. A música FRACASSOS é uma das composições definitivas do LP, outro destaque é uma versão um tanto triste de Riacho do Navio. Nela Fagner consegue mostrar o seu jeito próprio de cantar.

Em 1976, lança o Raimundo Fagner, agora pela gravadora CBS.Neste disco, vê-se momentos de puro rock (ABC), romantismo (Conflito, Asa Partida), além de música nordestina (Matinada).
Surpreende a gravação de Sinal Fechado, autoria de Paulinho da Viola.Com um estilo próprio, Fagner dá uma versão nova para uma música que já tinha sido gravada por alguns dos grandes nomes da MPB.

No ano seguinte surge o ORÓS, disco imprevisível, inusitado.Com a produção e arranjo de Hermeto Paschoal, nele se encontra músicas que dificilmente seriam tocadas na mídia.Apenas Cebola Cortada chega a ser executada nas rádios do país. Músicas como Epigrama n.9, Romanza e Orós, dificilmente tocariam em emissoras de rádios.
Em 1978 Fagner lança o Quem Viver Chorará, dedicado por Fagner a Seu Fares e Dona Francisca, “com todo amor que tenho e terei”.É a partir deste disco que ele estoura de vez no mercado fonográfico.
Revelação, composição de Clodo e Clésio é tocada exaustivamente nas rádios. Destacam-se também no disco a recriação para As Rosas Não Falam, além de Motivo, poema de Cecilia Meirelles, musicada outra vez pelo poeta rebelde.
A crítica se rende. Já não era sem tempo.
Beleza é o título do disco de 1979. A música Noturno foi a abertura sonora da novela Coração Alado da tv Globo. No show para o lançamento do disco no Teatro João Caetano, no Rio, a paixão do público pelo artista se torna evidente. Em 1980, é lançado o disco Raimundo Fagner que contém preciosidades, a exemplo da canção Vaca Estrela e Boi Fubá de Patativa do Assaré. No mesmo LP, músicas como Oh! My Love, música de John Lennon e Yoko Onno. A música Eternas Ondas é o grande hit do disco.
O disco de 1981 é o Traduzir-se, lançado no Brasil e na Espanha, com participações de Mercedes Sosa (na gravação definitiva de Años de Pablo Milanés), Manzanita, Joan Manuel Serrat e Camaron de La Isla.Um grande disco. Uma das músicas de maior sucesso foi Fanatismo, música de Fagner sobre poema de Florbela Espanca.A parceria com Florbela Espanca estaria presente no disco seguinte, com as músicas Fumo e Tortura. O resto é história longa. São trinta e seis discos solo desde 1973 até 2007, fora os compactos, participações e coletâneas. Um dos maiores cantores/compositores brasileiros encheu e enche até hoje de poesia os corações de quem quer ouvir o som da terra. Hoje, mais quieto que no tempo do Ave noturna, se isola no seu Orós, certo de que fez sua parte mostrando o que é a beleza dos campos e das flores, o outro lado da agonia e da dor.
(Parte do texto retirado da Página dos amigos de Fagner)

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