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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

PRÁ QUE SERVE AFINAL, O POLITICAMENTE CORRETO.

Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal

Seus defensores argumentam que o politicamente correto é uma forma de tornar menos conflituosa a convivência em sociedade. Por exemplo, não faz sentido ofender as pessoas usando termos inapropriados de linguagem. Contudo, não ofender pessoas é apenas uma regra de boa educação que nada tem a ver com o politicamente correto.
A rigor, o politicamente correto é uma forma de se limitar o debate e a livre circulação de ideias em uma sociedade. Pior do que isso, o politicamente correto busca a implementação de uma agenda progressista numa sociedade que, de outra maneira, não aceitaria tal agenda. Abaixo listo alguns exemplos:

1) Um terrorista do Estado Islâmico mata 12 pessoas fazendo uso de um caminhão para atropelá-las. A manchete da Folha de São Paulo foi: “Caminhão atinge mercado de Natal em Berlim e mata pelo menos 12 pessoas“. Quem lê a manchete tem a impressão de que um caminhão desgovernado matou acidentalmente 12 pessoas. Isso ocorre pois o politicamente correto impede que se de destaque ao fato de que mais um ataque terrorista foi levado a cabo por um seguidor do islã.
2) Experimente dizer que a politica de cotas raciais é ineficiente ou injusta. Ou ainda experimente dizer de que nem tudo que se atribui a discriminação contra a mulher não é exatamente discriminação. Ou tente dizer que a taxa de homicídios específica de determinado grupo social não representa, por si só, indícios de perseguição àquele grupo. Você será imediatamente taxado de racista, fascista, homofóbico, misógino, e coisas bem piores, Isso ocorre pois o politicamente correto impede a discussão aberta e franca de termos que são sensíveis a minorias barulhentas e bem organizadas.
3) Vários grupos pressionam para que o governo combata a violência contra a mulher, justificam inclusive a criação de um tipo criminal chamado de “Feminicídio” para alertar que a violência é perpetuada por homens contra mulheres. Bom, vamos aos dados: a taxa de homicídios entre mulheres é de 4 a cada 100 mil habitantes, para os homens esse taxa é de 50. Em resumo, a taxa de homicídios entre homens é 12 vezes maior do que a taxa de homicídios entre mulheres. O real problema é a violência absurda que assola o Brasil, aqui homens e mulheres são covardemente assassinados todos os anos. Esse é o problema real a ser combatido.
4) Experimente ir numa aula de direito penal e dizer que prender bandidos diminui a criminalidade. Você será olhado de lado e dirão que você é mais um radical de direita fascista. Contudo, TODOS os estudos econométricos que conheço mostram que prender bandidos é uma das mais eficientes maneiras de se combater o crime. Mas sempre haverá um professor, um jornalista, um intelectual, ou um estudante para dizer “Eu prefiro construir escolas a construir presídios”…. como se isso fosse o ponto do debate! Óbvio que todos preferem construir escolas a cadeias, mas existem situações que nos obrigam a construir cadeias.... Para os defensores do politicamente correto prender bandidos não resolve o problema, para eles o problema é estrutural. Logo prender seria inócuo para combater o crime. Mas se prender não resolve qual é a sugestão, devemos não prender?
5) Cristãos são perseguidos e assassinados ao redor do mundo, mas a imprensa em vez de noticiar isso prefere se preocupar com um provável crescimento da islamofobia. Ora como se não fosse natural temer aqueles que prometem nos exterminar se assim tiverem a chance, como é o caso de vários grupos radicais islâmicos. O crescimento da islamofobia se deve não ao preconceito, mas ao simples fato de que diversos grupos radicais islâmicos tem realizado ataques terroristas. Mas o politicamente correto impede que isso seja sequer discutido nos grandes meios de comunicação.
6) A esmagadora maioria da população é contra o aborto. Então o que faz o politicamente correto? Muda o nome de aborto para “direito de escolha”. Como se uma escolha já não houvesse sido feita quando o casal decidiu ter sexo sem proteção (o estupro é exceção a essa regra).
7) Quantas pessoas você já viu defenderem o porte de arma na grande mídia? São 60 mil homicídios por ano no Brasil, um fracasso incrível de nossas políticas de segurança pública, mas mesmo assim tirando o heroico Bene Barbosa é muito difícil ver pessoas defendendo o direito ao porte de armas com acesso a grandes veículos de comunicação. Isso ocorre pois o politicamente correto já estabeleceu que apenas radicais de direita defendem o direito do cidadão comum ter acesso a armas de fogo
8) Diga que você apoia o Trump, pronto você virou ultra radical conservador. Diga que você apoia o Brexit, pronto você é um xenófobo imbecil. O politicamente correto é assim, ele bloqueia qualquer discussão honesta e a substitui por rótulos. Os que defendem as pautas do politicamente correto são taxados de pessoas boas, sofisticadas, inteligentes, moderadas, etc. Já os que não defendem tal pauta são radicais, ultra conservadores, xenófobos, intolerantes, golpistas, e outras coisas ruins.
9) No Brasil a esmagadora maioria das crianças não sabe ler e nem escrever, e são incapazes de fazer contas simples. Mas defenda que as aulas de sociologia, filosofia, e artes sejam trocadas por aulas de português e matemática e você automaticamente vira um canalha que quer criar um exército industrial de reserva, um radical que não quer que as crianças aprendam, e que sejam escravas do sistema.
O grande problema do politicamente correto é que ao impedir o livre trânsito de ideias, e o livre debate, políticas públicas passam a ser direcionadas para corrigir problemas que não necessariamente são os mais importantes para aquela sociedade. Em resumo, desperdiçam-se recursos públicos em políticas que nem de perto são as mais necessárias. Pior, em muitos casos o politicamente correto cria problemas que sequer existiam na sociedade. Por exemplo, o Brasil é um exemplo no que se refere a miscigenação. Não digo que não exista preconceito, mas o fato é que a política de cotas raciais pode perfeitamente estar criando atritos raciais que antes eram inexistentes. Mas, se alguém sugerir isso será imediatamente taxado de imbecil ou coisa pior. Contudo, o livro de Thomas Sowell (Ação Afirmativa ao Redor do Mundo) mostra que após a implementação de cotas o atrito entre grupos distintos costuma aumentar em todas as sociedade que implementaram ações afirmativas.

A cartilha do politicamente correto impede a correta descrição do mundo real. As pessoas passam a ser incapazes de descrever situações simples do seu cotidiano. No lugar de descrever situações o politicamente correto estabelece apenas rótulos. O politicamente correto não debate, ele rotula. Se você é incapaz de sequer descrever uma situação de seu cotidiano como você será capaz de entender problemas mais complexos? O politicamente correto é a ditadura do pensamento único, e geralmente errado.


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