Eu estava pensando há muito tempo escrever sobre a questão Islâmica na Europa e em outros países, como o Brasil, mas sem tomar partido tão facilmente, como ocorre com comentaristas e colunistas, além dos governos que teimam nos mesmos erros. Devo declarar que não sou muçulmano e condeno também todos os atos terroristas em nome do fundamentalismo islâmico, mas por outro lado, acho lógico que tudo tenha um limite, aí incluida a chamada liberdade de expressão.
A imprensa em geral defende que a liberdade de expressão não deve ter limites, o que seria perfeito se todos os humanos fossem iguais, principalmente no segmento do humor que para alguns povos como o nosso ou o francês, é delicioso extravasar brincando com questões sérias para outros.
Vendo pela TV durante todo o dia o noticiário sobre o ataque ao jornal Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos e mais 11 feridos em Paris, me chamou a atenção, a tranquilidade de como os atiradores conseguiram atingir os alvos sem serem praticamente molestados, com uma fuga aparentemente tranquila. Lembrei que há poucos dias ví o filme "O homem mais procurado", um dos últimos trabalhos de Philip Seymour Hoffman, que mostra a preocupação do serviço de inteligencia alemão com os imigrantes de origem muçulmana, uma aula de como funciona os serviços de prevenção a ataques terroristas na Europa. O filme tem o dom de mostrar que nem tudo é o que parece ser e que este meio está cheio de interesses de gente dos altos escalões.
Mas voltando à liberdade de expressão, a pergunta que deveria ser feita, entre outras, era se as charges feitas pelos cartunistas do Jornal Charlie Hebdo já colocados em uma lista de morte, valeriam a pena mesmo pondo em risco inocentes ou a sociedade francesa como um todo. Em nome da liberdade muitos erros podem ser cometidos, no caso uma simples sátira para os ocidentais pode desencadear eventos graves, como levar ao poder o outro extremo, o crescimento da extrema-direita nos principais países europeus e uma perseguição em massa das comunidades muçulmanas na Europa.
Parecia, até hoje, ser muito seguro fazer sátiras sobre religiões ou costumes de povos que vivem sob doutrinas religiosas, e desdenhar as ameaças de grupos radicais invocando a liberdade de expressão, só por estar aparentemente seguro em países que vivem em regime de total liberdade, ou no centro de Paris. No confronto entre a liberdade e o extremismo, o segundo leva vantagem, pois não se sabe de nenhum cartunista que tenha ido fazer alguma charge de Maomé em algum país do oriente médio, mas se sabe que os extremistas vão a qualquer lugar. Parece inocência, ou seria talvez teimosia, ignorar povos que desconhecem a democracia, as guerras como a da Síria, que já matou mais de 150 mil nos últimos três anos e testar a fé dos radicais. Falar em liberdade de expressão para fundamentalistas religiosos lembra a fala da Presidente Dilma sobre dialogar com o Estado Islâmico, e o lado dos mais racionais, que afinal também tenta impor um regime sobre outros, deveria começar a se preocupar em descobrir onde fica a linha que limita a liberdade de expressão, aquela cuja ultrapassagem possa ofender alguém, uma comunidade ou um povo, e ameaçar a paz.
Regras de boa convivência dizem que o meu direito acaba quando começa o do outro,então conclui-se que tudo deve ter limites. A livre expressão sem limites pode causar danos e irreparáveis. O ataque em París vai levar os que trabalham com o humor e a sátira a assumirem agora uma responsabilidade que não queriam assumir, a de por em risco além deles próprios, os que os cercam, a cidade ou o País. Vão começar a levar em conta o pensamento de 1/4 da população humana composta de muçulmanos, onde se encontram os radicais, fanáticos, fundamentalistas religiosos e outros cognomes, culturalmente mal-humorados, nada tolerantes.
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