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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

BRASIL X CHINA - PARTE TRES - EDUCAÇÃO

No Brasil atual se confundiu liberdade com abandono. E esta confusão espalhada pelas esferas politica e social, advém da educação enganosa adotada no País e que vem caindo pelas tabelas nos últimos vinte (ou mais) anos. Basta uma breve pesquisa no mais importante e respeitado teste internacional de qualidade educacional, chamado PISA. O teste, realizado a cada três anos pela OCDE (o clube dos países desenvolvidos). Pesquisadores interessados em descobrir o mistério do crescimento da China, começaram a pesquisar o sistema de educação aplicado pelo governo chinês e chegaram à conclusão já esperada. Quase 75% da população junto com o governo aderiu a uma revolução educacional seguindo o plano iniciado por Deng Xiaoping (sempre ele), e o resultado não deixa nenhuma dúvida.  
A obsessão dos chineses pelo estudo é o primeiro passo para se entender a notícia, que abalou profundamente toda a compreensão da educação no mundo, de que Xangai, província chinesa, tinha tirado primeiro lugar em todas as áreas auferidas (Matemática, Ciências e Leitura) no  PISA. O teste, realizado a cada três anos pela OCDE (o clube dos países desenvolvidos), mede o conhecimento de jovens de 15 anos de idade. Começou a ser realizado no ano 2000 com 32 países (dentre eles o Brasil, que ficou em último lugar ) e, na edição de 2009, contou com 65 participantes (dentre eles, ficamos novamente na rabeira: entre a 53ª e a 57ª posição) .
Não é que Xangai se saiu bem, acima do esperado por seu nível de renda. A região ficou em primeiro lugar, com uma dianteira considerável de todos os países desenvolvidos, em todas as áreas medidas.
Os chineses já definiram a educação como  arma para dominar o mundo. O país realiza uma colossal revolução na preparação de talentos para ciência e tecnologia. A China quer eliminar a diferença existente em relação aos Estados Unidos, ao Japão e à Alemanha e se apronta para ser o líder em pesquisa e desenvolvimento e, consequentemente, na produção industrial até 2050. É isso que se lê no seu arrojado Plano Educacional para 2010-2050.Isso é que é plano estratégico.
Já no final da década de 1970, Deng Xiaoping promoveu avanços tremendos em todos os níveis da educação, em especial no universitário. De 600 faculdades existentes em 1978 o país passou para 2 mil em 2008 - e não para de aumentar. No ano de 2000, 40 mil jovens chineses foram estudar nas melhores universidades do mundo. Esse foi só o começo. Em 2008 eram 420 mil (110 mil só nos Estados Unidos), a maioria em cursos de pós-graduação (Amelie F. Constant e colaboradores, China"s Latent Human Capital Investment, Institute for the Study of Labor, abril de 2011).
Enquanto isso o Brasil também aumentou a exposição de seus jovens ao ensino no exterior. Mas as diferenças são colossais. Por exemplo, enquanto a China manteve, em 2009, 120 mil jovens nos Estados Unidos (a maioria em pós-graduação), o Brasil tinha apenas 7,5 mil: 450 em cursos de curta duração (em geral de inglês), 3,7 mil em cursos de graduação e apenas 3,3 mil em pós-graduação.
 No plano educacional da China tem 300 milhões de estudantes e 14 milhões de professores - todos eles cobertos por um programa de atualização de conteúdo e aperfeiçoamento didático. Uma enorme atenção está sendo dada à pré-escola para fazer os alunos aprenderem mais devagar, mas com maior profundidade.
No campo administrativo, a China está descentralizando a gestão das escolas, passando a maior responsabilidade aos governos locais e sob o controle das comunidades. A propósito, a China conseguiu envolver todo o povo na discussão do referido plano, deixando claro que a melhoria de vida nas gerações atual e futura dependerá fundamentalmente não apenas de educação, mas de uma boa educação. Cerca de 75% dos chineses conhecem e apoiam o plano.
Essa é uma outra diferença em relação ao Brasil. Entre nós, a maioria dos pais fica satisfeita quando seus filhos conseguem um lugar nos bancos escolares, pouco se importando com o que e como as escolas ensinam seus filhos.
Fica claro, segundo relatos de pesquisadores ocidentais, inclusive brasilianos, que nosso sistema político-social  nunca agregará (linda palavra)um sistema educacional sério e responsável como o da China.
Alguns pontos de diferença servem mais como curiosidade, e parece risivel comparando com nossa sociedade atual. Veja alguns trechos relatados: 
"Há várias  diferenças em relação às nossas salas de aula. A primeira é que, tanto em Xangai quanto Pequim, ví sempre uma bandeira da China sobre todo quadro-negro."Xeque-mate.A bandeira Brasileira não é respeitada há muito tempo e patriotismo lembra o regime militar, estamos fora.
"Há vassoura e pá ao fundo de todas as salas: cabe aos alunos a limpeza do seu ambiente. Há equipe de limpeza nas escolas, mas elas só tomam conta das áreas comuns".Que é isso, nossos filhos não estão aí para serem escravizados!
" Não há chamada nas aulas chinesas. Também não existe faltas. Cada turma tem um professor que é designado o seu “head teacher” (professor responsável, em tradução livre), que deve ter um contato mais aprofundado com aquela turma, conhecer seus alunos, suas famílias etc. Uma vez por dia, em horário aleatório, o professor responsável passa pela turma e vê se tem alguém faltando. Se há, ele deve ligar para seus pais para saber o que está acontecendo. Caso todos estejam lá, o professor dá uma espiada e vai embora. É um detalhe simples, mas pense em seu efeito. Se você tem oito períodos por dia e gasta, digamos, três minutos fazendo chamada, quase meia hora de aula do dia terá sido desperdiçada com esse ritual. Ajuda o fato de que quase ninguém falta, claro. Nem alunos, e muito menos professores."
Um pesquisador ficou estonteado uma aula de reforço para jovens chineses:
Foi uma das aulas mais pesadas que já assisti: sem fazer nenhuma concessão ao fato de estarmos em um domingo de manhã, depois de todos aqueles alunos passarem uma semana já extenuante em suas escolas regulares, o professor resolveu problemas de geometria quase que ininterruptamente, por duas horas, sem intervalo, sem fazer muitas perguntas aos alunos ou muito menos esboçar qualquer existência do senso de humor ou do “showmanship” demonstrados pelos professores de cursinhos brasileiros. Ao final da aula,  era difícil ficar sentado parado, mas o desconforto aparentemente não era compartilhado pelos alunos: ninguém reclamou, nem se mexeu muito, nem saiu pra ir ao banheiro. Durante aquelas duas horas, o professor colocava o problema no quadro e o resolvia, de vez em quando dando algum tempo aos alunos para que o resolvessem sozinhos. Ao final, prescreveu mais exercícios de dever de casa. Depois dessa aula, um intervalo de dez minutos e mais duas horas de aula de química. Assim são todos os fins-de-semana. Sem piadas, sem teatro, sem musiquinha pra ajudar a decorar. Trabalho, trabalho e mais trabalho.
This case is closed.

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