Algumas coisas me fazem crer que a situação do Brasil é irreversivel, apesar de aumentar o coro dos descontentes com a tremenda balbúrdia que se transformou os tres poderes, localizados, não por acaso em Brasilia. Não se pode imaginar um caos maior em um país causados pelos escândalos que aparecem todo dia nos jornais e na TV, sem falar no cotidiano dos pobres mortais que no final são os maiores culpados por não saberem nem o que está acontecendo. Os que sabem preferem ficar calados para não assumirem que antes da constituição de 1988 as coisas eram bem melhores, até para a classe média alta, hoje sem segurança para ir ao teatro, e os artistas que reclamavam da censura e hoje nem discos mais vendem. Hoje os aproveitadores do poder estão mostrando ao povo por que foram exilados pelo regime militar. Não é só nos gastos exorbitantes com passagens aéreas que a cãmara e o senado metem a mão no dinheiro dos impostos cobrados da choldra (é nóis). Na verdade isso é uma ninharia perto do que os nobres parlamentares metem a mão. Um dos piores males do nosso país é o partido politico. Fora do alcance do povo os partidos deitam e rolam engendrando meios de distribuir o dinheiro público entre os próprios pares, sem nenhuma preocupação com a finalidade da atribuição parlamentar.
A choldra, digo o povo, enquanto isso, se contenta com feriados sem explicação e com um churrasco na lage. Comemoremos o dia de S. Jorge embora sem saber por quê. O que eu queria saber é porque ninguém comemora o dia seguinte: o dia do descobrimento do Brasil!
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sábado, 25 de abril de 2009
quinta-feira, 2 de abril de 2009
McCARTNEY, THE BEST
ABOUT PAUL
Sem vontade nenhuma de escrever sobre politica ou sobre outras mediocridades que assolam o país como o BBB ou o celular nas mãos dos deseducados, lembrei de fazer um texto sobre meu artista preferido, o maior músico das últimas décadas e para mim de todos os tempos. E pelo andar da carruagem, não vai aparecer mais nenhum nos proximos séculos, a não ser quando este período da humanidade acabar e começar tudo de novo.
Paul estava alguns metros à frente de Lennon, á milhas de George e anos-luz do Ringo, acho que todo mundo deveria conhecer os cinco primeiros albuns solo de McCartney só para começar a conhecer o melhor da música pop.
Em seu primeiro álbum, McCartney, Paul escreveu todas as canções, gravou todos os instrumentos e produziu o disco em um estúdio particular de sua casa, com Linda fazendo os vocais de apoio. O disco foi considerado caseiro demais para os críticos, mas mesmo assim Paul conseguiu fazer sucesso com a canção “Maybe I’m Amazed” e “Every Night”.
Em 1971, junto com sua mulher, lançou outro álbum solo, Ram, com alfinetadas ao seu ex-parceiro musical, John Lennon (como na canção “Too Many People”). Assim como John Lennon fez com Yoko Ono, Paul McCartney insistiu para que Linda McCartney se tornasse sua parceira musical e ela, assim como Yoko, recebeu através do anos várias críticas por falta de talento musical. Mas o álbum Ram é considerado por muitos como um dos melhores de sua carreira solo, e a canção “Uncle Albert/Admiral Halsey” foi o maior sucesso comercial do álbum.
Em 1971, junto com sua mulher, lançou outro álbum solo, Ram, com alfinetadas ao seu ex-parceiro musical, John Lennon (como na canção “Too Many People”). Assim como John Lennon fez com Yoko Ono, Paul McCartney insistiu para que Linda McCartney se tornasse sua parceira musical e ela, assim como Yoko, recebeu através do anos várias críticas por falta de talento musical. Mas o álbum Ram é considerado por muitos como um dos melhores de sua carreira solo, e a canção “Uncle Albert/Admiral Halsey” foi o maior sucesso comercial do álbum.
Depois de Ram, ainda em 1971, Paul voltaria a formar uma nova banda, os Wings. Sua nova banda teve durante os anos de sua existência como integrantes fixos Paul McCartney, Denny Laine (ex-Moddy Blues) na guitarra e Linda McCartney nos teclados. Outros integrantes não eram fixos.
Os Wings lançaram seu primeiro trabalho em 1972, Wild Life, um dos meus preferidos. Em 1973, o grupo lançou o álbum Red Rose Speedway. Pela primeira vez a banda atingiria o primeiro lugar nas paradas de sucesso, com este álbum e com a canção “My Love”. No mesmo ano, a banda lançou a canção “Live And Let Die”, parte da trilha sonora do filme de 007 - James Bond: Viva e Deixe Morrer.
O álbum seguinte foi o de maior sucesso da banda, Band on the Run, eleito o disco do ano. Em 1974, foi a vez de Venus and Mars, uma obra-prima, e no ano seguinte o álbum Wings at the Speed of Sound com a canção “Silly Love Songs”, em resposta a provocação de John Lennon em ‘”How dou you sleep?” do álbum Imagine.
Os Wings lançaram seu primeiro trabalho em 1972, Wild Life, um dos meus preferidos. Em 1973, o grupo lançou o álbum Red Rose Speedway. Pela primeira vez a banda atingiria o primeiro lugar nas paradas de sucesso, com este álbum e com a canção “My Love”. No mesmo ano, a banda lançou a canção “Live And Let Die”, parte da trilha sonora do filme de 007 - James Bond: Viva e Deixe Morrer.
O álbum seguinte foi o de maior sucesso da banda, Band on the Run, eleito o disco do ano. Em 1974, foi a vez de Venus and Mars, uma obra-prima, e no ano seguinte o álbum Wings at the Speed of Sound com a canção “Silly Love Songs”, em resposta a provocação de John Lennon em ‘”How dou you sleep?” do álbum Imagine.
Wings fez uma tournê mundial em 1975-1976 registrada no álbum Wings Over America. No ano seguinte, a banda lançou London Town, seu disco mais vendido, que trouxe o sucesso “With A Little Luck”. Em 1978 foi a vez do álbum Back to the Egg que contou com a participação de Pete Townshend (The Who), David Gilmour (Pink Floyd), John Paul Jones e John Bonham (ambos do Led Zeppelin) na canção “Rockestra Theme”.
Em 1979, o Livro Guinness dos Recordes declarou-o como o compositor musical de maior sucesso da história da música pop mundial de todos os tempos. Paul teve 29 composições de sua autoria no primeiro lugar das paradas de sucesso norte-americana. Vinte das quais junto com os Beatles (que compôs junto com John Lennon) e o restante em sua carreira solo ou com seu grupo Wings.
Em abril de 1990, Paul tocou pela primeira vez no Brasil, a apresentação foi no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, e bateu o incrível recorde de público em uma apresentação de um artista solo (184 mil pessoas). Eu estava lá, e vi com estes olhos que...
Seu primeiro álbum da década de 80 foi o McCartney II, com ênfase em sintetizadores ao invés de guitarras. A canção “Coming Up” atingiu o segundo lugar na Inglaterra e primeiro nos Estados Unidos., e “Waterfalls” foi outro Top 10 inglês.
O próximo álbum, foi Tug of War de 1982, que marcou a reunião com o produtor dos Beatles, George Martin, e com Ringo Starr. Paul cantou em dueto, com Stevie Wonder em “Ebony and Ivory e fez um tributo a Lennon, “Here Today”. O álbum se tornou um de seus maiores sucessos em toda sua carreira solo. Ringo Starr tocou bateria em “Take It Away”. Carl Perkins cantou em dueto com Paul a canção “Get it” e Stevie Wonder as canções “Ebony and Ivory” e “What’s that you’re doing ?”. No mesmo ano, Paul gravou uma canção com o megastar pop emergente Michael Jackson (“The Girl is Mine”), que foi lançada no álbum de Michael, Thriller.
No ano seguinte, Paul lançou o álbum Pipes of Peace e alcançou sucesso com as canções “Pipes of Peace”, “So Bad” e “Say, Say, Say”, esta última em parceria novamente com agora então consagrado Michael Jackson. O álbum trazia novamente a participação de vários artistas além de Michael Jackson como Ringo Starr, Eric Stewart e Denny Laine (ex-Wings), além da produção novamente de George Martin.
McCartney escreveu a trilha do filme de 1984 Give My Regards to Broad street. A trilha sonora atingiu o Top 10 americano e inglês assim como a canção “No More Lonely Nights” (que contou com a participação de David Gilmour, Pink Floyd na guitarra solo) , No final do mesmo ano, McCartney lançou a canção “We All Stand Together”, canção principal do desenho animado Rupert and the Frog Song e escreveu e cantou a canção principal do filme Spies Like Us.
Em 1986, ele lançou o álbum que foi considerado um dos mais fracos de sua carreira solo: Press to Play. E em 1988, lançou Снова в СССР, com canções clássicas do Rock and roll. Foi originalmente um álbum lançado somente na USSR que posteriormente teve seu lançamento mundial.
O próximo álbum, foi Tug of War de 1982, que marcou a reunião com o produtor dos Beatles, George Martin, e com Ringo Starr. Paul cantou em dueto, com Stevie Wonder em “Ebony and Ivory e fez um tributo a Lennon, “Here Today”. O álbum se tornou um de seus maiores sucessos em toda sua carreira solo. Ringo Starr tocou bateria em “Take It Away”. Carl Perkins cantou em dueto com Paul a canção “Get it” e Stevie Wonder as canções “Ebony and Ivory” e “What’s that you’re doing ?”. No mesmo ano, Paul gravou uma canção com o megastar pop emergente Michael Jackson (“The Girl is Mine”), que foi lançada no álbum de Michael, Thriller.
No ano seguinte, Paul lançou o álbum Pipes of Peace e alcançou sucesso com as canções “Pipes of Peace”, “So Bad” e “Say, Say, Say”, esta última em parceria novamente com agora então consagrado Michael Jackson. O álbum trazia novamente a participação de vários artistas além de Michael Jackson como Ringo Starr, Eric Stewart e Denny Laine (ex-Wings), além da produção novamente de George Martin.
McCartney escreveu a trilha do filme de 1984 Give My Regards to Broad street. A trilha sonora atingiu o Top 10 americano e inglês assim como a canção “No More Lonely Nights” (que contou com a participação de David Gilmour, Pink Floyd na guitarra solo) , No final do mesmo ano, McCartney lançou a canção “We All Stand Together”, canção principal do desenho animado Rupert and the Frog Song e escreveu e cantou a canção principal do filme Spies Like Us.
Em 1986, ele lançou o álbum que foi considerado um dos mais fracos de sua carreira solo: Press to Play. E em 1988, lançou Снова в СССР, com canções clássicas do Rock and roll. Foi originalmente um álbum lançado somente na USSR que posteriormente teve seu lançamento mundial.
No final da década de 80, teve seu ultimo grande sucesso mundial, “My Brave Face” do disco Flowers in the Dirt , Na época fiz uma linda foto com minha filha carol segurando a capa do disco. Este álbum atingiu o primeiro lugar na Inglaterra.
Música clássica.
Paul McCartney desenvolveu outros interesses fora o rock. Em 1991, ele lançou seu primeiro álbum de música clássica, o Liverpool Oratorio. O álbum foi composto em colaboração com Carl Davis para comemorar o 150 aniversário do The Royal Liverpool Philharmonic Orchestra.
Paul McCartney desenvolveu outros interesses fora o rock. Em 1991, ele lançou seu primeiro álbum de música clássica, o Liverpool Oratorio. O álbum foi composto em colaboração com Carl Davis para comemorar o 150 aniversário do The Royal Liverpool Philharmonic Orchestra.
Em 1997, Paul lançou seu segundo álbum clássico, o Standing Stone. Em 1999 working classical, Em 2000, A Garland For Linda, um álbum em homenagem a Linda e que contou com composições não só de Paul mas de outros nove compositores
contemporâneos. Em 2006 foi a vez do lançamento de Ecce Cor Meum.
Vários discos desconhecidos rolaram em todos estes anos de muita criatividade e cheios de tolas canções de amor,
Vários discos desconhecidos rolaram em todos estes anos de muita criatividade e cheios de tolas canções de amor,
aventuras experimentais eletronicas e sons da Irlanda e Escócia, mas não se pode negar que todos são parte do conjunto da obra de um gênio.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
DIARIOS CINÉFILOS
Vamos Boicotar!
por Rodrigo Fernandes (Do Adorocinema.com)
Eu tive um sonho. Todos os chatos do mundo, juntos, num enorme estádio de futebol. Um turbilhão de vozes se elevando potentes até os céus, uma confraternização dos diabos. Não sei ao certo, mas acho que a coisa toda era um show dos Engenheiros do Hawaii, não sei. O sonho continua e eis que nuvens tempestuosas se aproximam negras, pesam, se agigantam sobre o estádio. Raios e uma chuva torrencial desabam com fúria mortal. Mortal mesmo. Os portões trancados. Os infelizes, condenados, se afogando, caindo fulminados pelas descargas elétricas, como moscas. Uns pisoteando os outros, pasta de gente. No fim do dilúvio um terremoto medonho, o chão se abrindo e tragando tudo e a todos sem perdão. Nenhum sobrevivente. Que sonho maravilhoso. Acordei com a pele lisinha, corada, um must. O que é, o que é... Um montão de mal-educados debaixo da terra? Um bom começo.
Não há enganos aqui, nenhum. Estas são palavras de um protesto digno e indignado. Convoco, sugiro, peço, imploro: cancelem a próxima sessão de cinema. Por mim, por vocês. Vai ser bom pra nós, melhor ainda pra sétima arte.O barulho dos mal-educados nas salas de exibição é um autêntico pé-no-saco. Quem já levou um bico nas partes sabe do drama, é punk, é nocaute. Hoje a coisa está impossível. Nesse fim de semana dei um bico no Watchmen e fiquei em casa fazendo macarrão com salsichas e ensinando minha sobrinha a fazer barquinhos de papel. Não perdi nada. Valeu a pena. Não me estressei. O ponto alto da noite foi o voo de uma família de corujas tontas perdidas na cidade, muito instrutivo.
* * *
Apagam-se as luzes, pronto, começa a balbúrdia. E tome gente falando em celulares de toques exóticos e irritantes, gente amassando latas de refrigerante. Cochichos e sussurros lembram uma casa de marimbondos africanos. Até as lanterninhas, faceiras e estúpidas, adoram ficar batendo papo dentro da sala, como se estivessem num boteco da Lapa. Não quero saber da vida dessas pessoas. Não quero saber de suas frustrações sexuais. Desejo do fundo do meu coraçãozinho negro e mau que vão todos para o inferno. Bem, exagero, é claro, mas não exagero tanto assim, não estou vendendo jujubas, falo sério. É preciso muita força de vontade para não socar alguém.Sou um cara curioso. Me pergunto o que essa turba vem fazer num cinema. Me pergunto porque as duas adolescentes à minha frente vieram assistir Operação Valquíria. O que elas sabem da Segunda Guerra, do nazismo, de Hitler? Será tudo por causa de um Tom Cruise com tapa-olho? Idiotas. As luzes se acendem e faço questão de olhar para o casal que conversou todos os 166 minutos de O Curioso Caso de Benjamim Button. São dois coroas, pensei que fosse encontrar dois moleques, bem, acertei errando. São dois moleques mesmo. Moleques com rugas e sem nenhuma educação.
Outra coisa que ressuscita minha velha úlcera são as risadas fora de hora. Estarei sendo escroto o suficiente? Nem um pouco. Escroto são os outros. Chato são os outros. Tenho a teoria, cientificamente comprovada, que a maioria das pessoas vai aos cinemas com a intenção de se encher de graça, qualquer graça. Ok. Se divertir é ótimo, gargalhar, leve, besta e trouxa também. Mas não num filme como Dúvida! Santa Margarida! Quando vão entender que cinema não é praia, não é feira livre, não é point?
* * *
É claro que estou de saco cheio, é claro que estou me repetindo. É claro que já escrevi tudo isso antes. É claro que vou continuar falando. Por tudo isso renovo o brado retumbante do bom comandante Duque de Caxias e evoco os fortes de espírito: Quem for cinéfilo siga-me! É preciso boicotar a próxima sessão de cinema. Deixemos as moças das bilheterias fofocarem em paz, as pipocas murcharem frias, e, principalmente, os micos do circo se divertir à vontade nos picadeiros. Batamos palmas. Por uma vez apenas abramos mão de tudo e deixemos os cinemas para os brutos e ignorantes, para todos os hooligans, todos eles. Crise de abstinência? Que nada, não rola. Compre um filme no camelô da esquina e aproveite o empadão de sardinha da sua tia. Ganhe uma tarde estirado no sofá. O Flamengo está em boa fase. Guarde seu dinheiro, dê um presente pro seu namorado, mesmo que ele não mereça. Prefira ver as corujas.
por Rodrigo Fernandes (Do Adorocinema.com)
Eu tive um sonho. Todos os chatos do mundo, juntos, num enorme estádio de futebol. Um turbilhão de vozes se elevando potentes até os céus, uma confraternização dos diabos. Não sei ao certo, mas acho que a coisa toda era um show dos Engenheiros do Hawaii, não sei. O sonho continua e eis que nuvens tempestuosas se aproximam negras, pesam, se agigantam sobre o estádio. Raios e uma chuva torrencial desabam com fúria mortal. Mortal mesmo. Os portões trancados. Os infelizes, condenados, se afogando, caindo fulminados pelas descargas elétricas, como moscas. Uns pisoteando os outros, pasta de gente. No fim do dilúvio um terremoto medonho, o chão se abrindo e tragando tudo e a todos sem perdão. Nenhum sobrevivente. Que sonho maravilhoso. Acordei com a pele lisinha, corada, um must. O que é, o que é... Um montão de mal-educados debaixo da terra? Um bom começo.
Não há enganos aqui, nenhum. Estas são palavras de um protesto digno e indignado. Convoco, sugiro, peço, imploro: cancelem a próxima sessão de cinema. Por mim, por vocês. Vai ser bom pra nós, melhor ainda pra sétima arte.O barulho dos mal-educados nas salas de exibição é um autêntico pé-no-saco. Quem já levou um bico nas partes sabe do drama, é punk, é nocaute. Hoje a coisa está impossível. Nesse fim de semana dei um bico no Watchmen e fiquei em casa fazendo macarrão com salsichas e ensinando minha sobrinha a fazer barquinhos de papel. Não perdi nada. Valeu a pena. Não me estressei. O ponto alto da noite foi o voo de uma família de corujas tontas perdidas na cidade, muito instrutivo.
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Apagam-se as luzes, pronto, começa a balbúrdia. E tome gente falando em celulares de toques exóticos e irritantes, gente amassando latas de refrigerante. Cochichos e sussurros lembram uma casa de marimbondos africanos. Até as lanterninhas, faceiras e estúpidas, adoram ficar batendo papo dentro da sala, como se estivessem num boteco da Lapa. Não quero saber da vida dessas pessoas. Não quero saber de suas frustrações sexuais. Desejo do fundo do meu coraçãozinho negro e mau que vão todos para o inferno. Bem, exagero, é claro, mas não exagero tanto assim, não estou vendendo jujubas, falo sério. É preciso muita força de vontade para não socar alguém.Sou um cara curioso. Me pergunto o que essa turba vem fazer num cinema. Me pergunto porque as duas adolescentes à minha frente vieram assistir Operação Valquíria. O que elas sabem da Segunda Guerra, do nazismo, de Hitler? Será tudo por causa de um Tom Cruise com tapa-olho? Idiotas. As luzes se acendem e faço questão de olhar para o casal que conversou todos os 166 minutos de O Curioso Caso de Benjamim Button. São dois coroas, pensei que fosse encontrar dois moleques, bem, acertei errando. São dois moleques mesmo. Moleques com rugas e sem nenhuma educação.
Outra coisa que ressuscita minha velha úlcera são as risadas fora de hora. Estarei sendo escroto o suficiente? Nem um pouco. Escroto são os outros. Chato são os outros. Tenho a teoria, cientificamente comprovada, que a maioria das pessoas vai aos cinemas com a intenção de se encher de graça, qualquer graça. Ok. Se divertir é ótimo, gargalhar, leve, besta e trouxa também. Mas não num filme como Dúvida! Santa Margarida! Quando vão entender que cinema não é praia, não é feira livre, não é point?
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É claro que estou de saco cheio, é claro que estou me repetindo. É claro que já escrevi tudo isso antes. É claro que vou continuar falando. Por tudo isso renovo o brado retumbante do bom comandante Duque de Caxias e evoco os fortes de espírito: Quem for cinéfilo siga-me! É preciso boicotar a próxima sessão de cinema. Deixemos as moças das bilheterias fofocarem em paz, as pipocas murcharem frias, e, principalmente, os micos do circo se divertir à vontade nos picadeiros. Batamos palmas. Por uma vez apenas abramos mão de tudo e deixemos os cinemas para os brutos e ignorantes, para todos os hooligans, todos eles. Crise de abstinência? Que nada, não rola. Compre um filme no camelô da esquina e aproveite o empadão de sardinha da sua tia. Ganhe uma tarde estirado no sofá. O Flamengo está em boa fase. Guarde seu dinheiro, dê um presente pro seu namorado, mesmo que ele não mereça. Prefira ver as corujas.
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